quarta-feira, 25 de março de 2009

Epílogo do Blog: você fez parte deste sonho!


Obrigada a vocês, testemunhas da nossa vida em UK!

A distância aproxima as pessoas. Essa é a conclusão que fica depois deste quase um ano aqui em Manchester, “longe” da família, dos cachorros, dos amigos... Descobri também que pátria é um conceito metafísico. O Mário é minha pátria, não o Brasil. Estando com ele, estou em casa...

Graças aos emails, celulares, skype e Orkut, as pessoas estiveram sempre presentes conosco. Acompanhamos daqui os primeiros passos de um sobrinho, os últimos dias de vida da minha avó, a gravidez e parto de minha irmã, alguns casamentos, a separação dos nossos pais de suas respectivas esposas, a venda da casa na qual passei 25 anos da minha vida. “Conversei” com meus cães e gatos, me solidarizei com a perda do emprego de colegas de trabalho do passado (grande Leme!!); aconselhei irmãs em crise sentimental, mães à beira de um ataque de nervos; consolei amigas hipocondríacas (fala Sílvia!!), papeei com internautas em busca de informação e dicas no UK e também busquei conforto e companhia, em momentos de alegria ou solidão... Tudo por meio desta “parafernalha” da comunicação.

Passaram por aqui em Heator Moor, onde moramos, nossa dupla de mães carentes; minha irmã caçula, Lorena; meu sogro; minha amiga de sempre Milena e sua mãe figura, Nadir; e a Elaine, vulgo “cabeça”, que pela primeira vez saiu do país, além do casal Alê Flores e Les, que moram em Hong Kong! Ritinha, Lílian e Piu, que estão aqui pela Europa, por outro lado, ameaçaram aparecer, mas nunca vieram. Quem sabe numa próxima ocasião...

Conhecemos por estas bandas, pessoas muito bacanas da Comunidade Brasileiros em Manchester do Orkut: a Emilene, o Alex de Stockport e o Alex - figuraça, de Santos e o Daniel Serravalle de Sá, com quem publiquei um texto sobre Manchester na revista JD, que circula no UK. Também a Khamila e a Alexandra, uma dupla divertida e pronta para agitar umas comilanças deliciosas!

No Boteco do Brasil, no Shopping Arndale, conhecemos o Junior, simpático dono do ponto de encontro mais saboroso dos conterrâneos em Manchester. Lá também, conhecemos a divertidíssima Cristiane, uma brasileira maluquinha, que mora no mundo, fala 6 idiomas e de coração, nos abrigou em sua casa em Roma por 3 noites em setembro!

Fizemos bons amigos ingleses também, como o pessoal da sala do Mário: Louise, Hoda, Sehina e James; e do Grupo Cochrane da Universidade: a Lindsey, Joanne, Amy, o Phill, Dr Terry, Dr Sandher e a excêntrica da Helen, umas das ditoras, que vive em Edimburgo! Também a dona de nosso flat, a animada Maddie e a família do andar de cima, que chamamos de “Os Scarlets” (eles tinham nomes muito difíceis de guardar!), por conta da Scarlet, a filhinha caçula do casal, que nos acordou diariamente às 6 da matina, com seus choros de pesadelo!

E se não fossem todos, os que vieram e os que ameaçaram vir; os que ficaram lá, segurando as pontas, mas sempre estiveram em contato; se não fosse pelos que nos ajudaram aqui e nos acolheram, ou pelos que quebraram um “galhão”, cuidando dos cães, como a Tuny; cuidando da casa, como o sogro; cuidando de tudo, como a incrível dupla multifuncional e mochileira das nossas mães; pelos nossos irmãos, segurando todas as barras, e por nossos amigos, que estiveram mais próximos do que nunca, essa experiência em UK não teria sido a mesma.

Presentes, apesar da ausência, eles todos testemunharam nossa vida aqui e por isso são nossos cúmplices, pessoas que vão sempre nos relembrar que tudo começou com um sonho, mas que aconteceu de fato. E nesse salto quântico que separa o sonho da realidade foi que simultaneamente estivemos aqui, no UK, e lá, no Brasil; divididos pelo espaço, mas unidos pelo coração.

Obrigada a todos que acompanharam o blog, que trocaram scraps e emails, que telefonaram entre uma vídeo-conferência e outra (always busy Luciana), que skyparam diariamente (pais e mães!!!), e todos aqueles que aproveitaram a distância para se aproximar de nós!

O blog termina aqui, com a nossa volta ao Brasil, no entanto estarei sempre disponível a ajudar os que quiserem “dicas” para viajar para o UK. Basta postar um comentário aqui e deixar seu email que entrarei em contato o quanto antes!

Mas agora é hora de voltar, porque uma outra viagem acaba de começar...

A VIAGEM COMEÇA PELOS SONHOS E TROPEÇA NA REALIDADE, MAS SE REVELA MESMO, SÓ NO CAMINHO ENTRE UM E OUTRO, ENTRE O IR E VIR, NA MEMÓRIA, NA SAUDADE..."


MARINA FANTI
25/03/2009

segunda-feira, 23 de março de 2009

Edimburgo e suas jóias menos óbvias!


Holyrood Park!


No topo das montanhas de Holyrood Park!


Ruínas de igreja em Salisbury Crags


Uma das jóias óbvias de Edimburgo...


Encontro com a Dolly: o prazer foi todo meu!


Armstrongs Vintage, o brechó das celebridades!


"Revolução de Concreto"

Além das maravilhas básicas de Edimburgo, que já foram descritas no post “Hogmanay em Edinburgh” em janeiro, a capital da Escócia tem jóias escondidas, que só após uma expedição mais profunda se revelam. É naquele segundo olhar, já não mais obcecado pelo Castelo espetacular que vigia a cidade de cima de uma colina, ou pela estupenda arquitetura de casas e monumentos que de baixo o reverenciam, é que se consegue enxergá-las.

Fora do agito de Edimburgo, às margens da cidade, fica o lindo Holyroodhouse Palace, que foi o lar da rainha Mary, da Escócia. Ao seu redor, o exuberante Holyrood Park, com lagos e montanhas que relembram um passado vulcânico. Ali ficam as colinas Arthur's Seat e as Salisbury Crags, com vestígios de uma civilização que habitou a região há milhares de anos. O visual que a subida proporciona já vale a canseira, mas chegar ao topo é essencial! De lá se enxerga a cidade inteira, até o mar. Se por milagre o céu estiver azul e o sol forte, como eu tive a sorte de pegar, não haverá memória mais intensa da cidade para se guardar... E tem mais, esse é um passeio inesquecível ao preço apenas de algumas centenas de calorias!

Edimburgo também é conhecida por seus belíssimos museus. Todos são gratuitos! No National Museum of Scotland tive o prazer de conhecer a célebre Dolly, a ovelhinha que concretizou as teorias sobre clonagem! Pena que o prazer foi só meu, porque ela está hoje empalhada, já que faleceu de complicações do fígado há alguns anos.

Além dos clássicos museus, há os alternativos: “Museu da Infância”, Museu dos Escritores” e o “Museu das Pessoas”, gratuitos e interessantes também!

Para quem gosta de um brechó, o Armstrongs Vintage, na Grassmarket, tem de peças vitorianas à retro anos 70. O lugar é uma bagunça e tem preços de loja de grife, mas tem muita fama, tanto que uma das clientes mais assíduas é a modelo Kate Moss!

Para quem quer uma dica de guest house baratinha, limpa, com excelente café da manhã e atendimento e ainda por cima, com wi-fi grátis, a dica é o The Lairg Hotel. Fica um pouco afastado do centro, mas compensa! Eu e o Mário desembolsamos apenas 55 Libras por uma noite num ótimo num quarto!

A única coisa que Edinburgh ficou devendo, já que até o clima estava perfeito dessa vez, foi a paz; sim, porque a cidade está inteiramente interditada, com obras por todos os lados, por conta da instalação do sistema de trams, os metrôs de superfície. O som de britadeiras abafa o das gaitas de fole, o brilho dos monumentos está ofuscado pela poeira do asfalto. Uma pena, e o pior é que as obras estão previstas para durar até o final de 2010.

Mas por suas jóias óbvias ou não, o Castelo e o Palácio, seus muitos museus, lojas, pubs, parques e montanhas pacíficas para se refugiar da “Revolução de Concreto” que está dominando a cidade Real, os viajantes podem ter certeza que o Reino de Edimburgo merece uma visita e que vai deixar de lembrança, uma vontade louca de voltar!

quinta-feira, 19 de março de 2009

As Highlands da Escócia: dose dupla de magia!


Gado das Highlands!


Cachoeira em sítio paleontológico


Cenário de Senhor dos anéis


Vale das Fadas!


Ruínas de castelo em Skye


Montanhas de Glencoe, a caminho de Skye


Urqhuart Castle em Inverness

Você pode até nunca ter ouvido falar das “Terras Altas da Escócia”, mas certamente já viu seus deslumbrantes cenários em alguns dos filmes que a escolheram como personagem. Esse foi o caso de “Coração Valente”, “Highlanders”, “Stardust”, “O Código da Vinci” e “O Senhor dos Anéis”, entre outros. Nenhuma paisagem poderia compor melhor o ambiente de solidão, de magia e de paixão para ambientar sagas que mesclam o real e o imaginário; o maldito e o sagrado; a vida e a morte.

Quem vai para as Highlands, antes de explorar suas montanhas e vales, cachoeiras ou lagos, explora seus próprios desejos e temores; suas angústias e motivações. E num horizonte sem fim, entre o fog, a chuva e seus ventos constantes, conhecerá seus próprios limites.

A viagem interior se inicia já nos primeiros quilômetros de estradas estreitas e íngremes, atrevidamente construídas em meio à natureza hostil do lugar. Numa paisagem onde o que menos faz sentido é a presença humana, arco-íris, ovelhas, o gado peludo típico, corvos e alces se perdem na bruma que encobre o topo de montanhas nevadas, à mercê do clima.

Quase não se vê casas ou paradas pelo caminho; a impressão que se tem é que é um lugar de ninguém, ou daqueles que por alguma razão, preferiram se refugiar da vida. Ruínas de igrejas e de castelos, campos de batalha e monumentos aos heróis escoceses, o Rei Robert The Bruce e o guerreiro William Wallace, resistem ao tempo, (que parece não existir nas Highlands), relembrando a sangrenta história do País. Entretanto, há pequenos vilarejos entre um vale e outro, com as famosas “guest houses” e restaurantes de comidas típicas, que servem o “Black Pudding”, feito de sangue de ovelha e o “Haggis”, feito das vísceras do pobre animal.

Entre os locais mais visitados das terras altas estão Inverness, imortalizada pela lenda de “Nessie”, o monstro pré-histórico que dizem o habitar. Fiz um cruzeiro pelo Lago, mas tudo o que vi foram simpáticos patos nos escoltando pelo percurso. De noite, para incorporar um pouco do “coração valente” do escocês, eu, o Mário e um grupo de turistas “invadimos” o Castelo Urquhart, que fica à beira do Lago Ness, todo iluminado por fora. Bastou pularmos 2 cercas e atravessarmos uma ponte para passear por seu jardim e ruínas, sem desembolsar as 7 Libras que são cobradas de dia para visitá-lo. Fizemos isso em meio à neve e o vento, e tenho que assumir que foi uma das coisas mais divertidas do passeio!

Também a região montanhosa de Glencoe e a Ilha de Skye, por sua autenticidade e vida rústica, animais exóticos e suas paisagens surreais e fantasmagóricas, atraem viajantes de todo mundo. O pequeno vilarejo de Portree, mesmo com poucas lojas, restaurantes (o delicioso Café Arriba é uma ótima opção!) e guest houses, é considerado a "Capital" de Skye. Mas saiba que não há muito que fazer por lá, senão recompor as baterias para enfrentar mais um dia de explorações.

Um lugar absolutamente imperdível por onde passamos foi o “Fairy Valley”, que fica próximo a Portree. É uma região completamente diferente de tudo o que existe, onde pequeninas montanhas de todos os formatos e com uma grama espessa, circundadas por pequenas muralhas e rochas dispersas, lagos e cachoeiras, se escondem em meio a uma bruma densa que camufla ovelhas e pássaros, numa atmosfera própria mesmo de mundo da fantasia. Não à toa, muitas das cenas do filme de feitiçaria “Stardust” foram feitas ali!

Num lugar onde nem as árvores resistem ao clima, os escoceses encontram nos pubs o calor que necessitam para enfrentar as adversidades. O uísque é parte fundamental da cultura do povo e os pubs são o templo em que eles cultuam seus costumes. As gaitas de fole ainda são tocadas por muitos músicos e bandas; os kilts são usados em ocasiões especiais (sem nada por baixo, diz a lenda!); a culinária é baseada na carne de carneiro e muita pimenta... Aliás, haja pimenta e uísque para compensarem o frio (e as pernas de fora) nas Highlands!

O povo escocês é muito místico também. Difícil de acreditar, porque a Escócia é primeiro mundo e teoricamente, onde há informação, não há superstição; mas tendo tido contato com pessoas educadas e bem informadas descobri que acreditam de verdade em bruxas, demônios, fadas e no Monstro do Lago Ness! E o estranho é que, após ter passado pelas Highlands, com suas paisagens surreais e que contestam a lógica, o universo da razão pareceu diminuir um pouco para mim também e posso dizer, mesmo sem ter degustado uma única dose do uísque de suas inúmeras destilarias, que aquela é mesmo uma terra com dose dupla de magia!


Ps: Há diversos roteiros e pontos que valem a pena ser explorados nas Highlands. Nós fizemos o roteiro de 3 dias "Sky Experience", pela Highland Experience, que fica em Edimburgo. A maior vantagem de fazer um tour guiado é a de que é impossível chegar a certos locais sem um carro! Mas seja qual for a escolha de roteiro do viajante, o importante é levar guarda-chuvas, botas e muitos casacos no inverno e repelente no verão!

Fairy Valley!

domingo, 8 de março de 2009

Formas de se sentir por cima em Manchester!


Esfriando a cabeça!


Subindo pelas paredes para elevar o astral!


Para o alto e avante!


Atmosfera meio Jetsons no Cloud 23!


Cloud 23, no Hilton!


Só não vale ficar alto no pub!


Double deck para curtir de cima o visual!

Em épocas de recessão e credit crunch, nada melhor do que jogar tudo para o alto de vez em quando para espantar o baixo astral! E Manchester oferece boas alternativas para ninguém deixar a peteca cair... Por isso, aqui vão algumas opções para se sentir nas alturas na cidade:

The Wheel of Manchester
A roda-gigante de Manchester fica na Exchange Square, bem no centro da cidade. Ela foi trazida de Paris em 2007 e hoje, com seus mais de 60 metros de altura, proporciona vistas lindas da cidade aos que querem arejar um pouco as idéias!

Cloud 23
Cenário de muitas das cenas da novela de maior sucesso no UK, a Coronation Street, esse bar deixa qualquer um literalmente nas nuvens, com o visual de 360 graus da cidade que possibilita! Numa atmosfera intimista e futurista, meio à lá Jetsons, o bar fica na metade do altíssimo edifico do Hilton! É um luxo que pode elevar o moral de qualquer um. Em tempo, para os bolsos mais rasos, além dos sofisticados e caros drinks, o bar serve também chás e sucos a preços acessíveis!


Chill factore

Para os que buscam as alturas e precisam esfriar a cabeça, nada melhor do que as pistas íngremes e geladas de ski e snowboard do Chill factore! Além da enorme pista para profissionais, há também área destinada a aulas para iniciantes e atividades para crianças. Há ainda paredes de escaladas para pessoas de todas as idades e tamanhos! Restaurantes e lojas dão o toque final ao complexo, garantindo um dia de altas emoções!

Só o que não vale é ficar alto em um dos milhares de pubs da cidade e acordar no dia seguinte com aquela ressaca de arrasar. Então, em vez de tomar uma dose dupla no balcão de um pub e apelar para a baixaria, sugiro tomar um double deck e ir pra casa em alto estilo, curtindo o visual de Manchester por cima, do alto do busão!

Pista do Chill factore!


sexta-feira, 6 de março de 2009

Dicas para viajar barato pelo UK!


Trilhando o UK!

Quem vem para o Reino Unido para passar mais do que um mês e pretende explorar toda ilha, precisa calcular com certa antecedência seus roteiros se quiser economizar suas preciosas Libras! Há muitas opções de transporte para circular pelo UK, mas como as distâncias são relativamente curtas, em minha opinião, os trens acabam sendo a melhor opção!

Como fiquei praticamente “presa” no UK por seis meses, sem passaporte, aguardando pela renovação do meu visto de permanência, aproveitei ao máximo a oportunidade para viajar por tudo e posso garantir que o segredo da economia está na antecedência!

A minha experiência melhor foi com as viagens de trem! Percorrer de trem o Reino Unido é uma delícia! As paisagens são lindas, o serviço é seguro, pontual e confortável; e há trens que parecem aviões, de tão modernos e velozes!

Entretanto, para se beneficiar das melhores tarifas é importante ficar ciente de algumas dicas! Quem compra suas passagens de trem, ônibus ou avião com mais de três semanas de antecedência do dia da viagem pode economizar até 70% no preço pago pela passagem! A compra antecipada dos passes ainda no Brasil pode ser feita tanto pela internet, como por meio de agências de viagens, CI ou STB.

Há diversas modalidades de passes, então é preciso definir de antemão o roteiro, o número de passageiros que viajam juntos, o número de dias que se pretende viajar, e selecionar se prefere primeira ou segunda classe, viajar em dias e horários específicos ou optar por pagar mais e ter a liberdade de escolher em cima da hora.

Logicamente, também é possível comprar passagens avulsas (ida e volta – Return; passagens avulsas – Single tickets; sem data marcada de volta – Open Return; e fora do horário de pico – Off peak) via internet ou nas próprias estações. A reserva de assentos é grátis e pode ser feita de ambas as formas!

Os menores de 26 anos e portadores da carteirinha “Youth Pass”, ou pessoas acima dos 60, também têm descontos na compra dos passes de trem da BritRail e de algumas companhias de ônibus.

Para os que preferem os ônibus, dado que são mais baratos do que os trens (mas demoram bem mais), a empresa que oferece as passagens mais baratas de UK é a Megabus! A companhia vende só pela internet e oferece passagens a partir de 1 Libra!! Tudo bem que os ônibus são espremidos, raramente fazem paradas em lanchonetes de estrada e o esquema é “pinga-pinga”, mas se a idéia for mesmo economizar, essa é uma ótima alternativa!

Para longuíssimas distâncias, como do Sul da Inglaterra para as Highlands, na Escócia, a melhor solução podem ser as empresas aéreas low cost. A Rynair, EasyJet, Flybe e Bmibaby são as mais baratas! O problema é a restrição ao tamanho da bagagem de mão e o valor cobrado para despachar malas! Mas, fazendo um esforço de esmagar o máximo de itens numa malinha minúscula (e vestindo todo o resto que não coube na maleta), sem despachar bagagem, e fazendo check-in online na véspera, as tarifas sairão muitas vezes bem menores do que as de uma passagem de trem para o mesmo destino!

Além destas alternativas, pode-se também optar pelo aluguel de um carro. A carteira de habilitação do Brasil é aceita em UK, acompanhada do passaporte; resta saber se o motorista vai se habituar a dirigir na mão inglesa!

Tendo em mente estas dicas, basta reservar acomodação boa e barata usando os links de hotéis e guest houses, que são as acomodações mais típicas e econômicas de UK! Mas isso já é informação demais, então vai ficar para um próximo post...

segunda-feira, 2 de março de 2009

Lake District, no rastro dos poetas!


Baía de Bowness


Casa vizinha à de Beatrix Potter; uma entre as muitas fontes de inspiração...


Atenção à sinalização!


Numa trilha entre Ambleside e Newby Bridge!


Bowness on Windermere, o coração da Cumbria!

Três dias são pouco para compreender o que levou tantos poetas e escritores renomados, como William Wordsworth, Samuel Coleridge, Thomas de Quincey, John Ruskin, Arthur Ransome e Beatrix Potter a consagrarem seus nomes na história da literatura britânica. Mas mesmo com pouco tempo, eu e o Mário fomos à busca de algumas pistas e rumamos para o Lake District, onde supõe-se ter sido o lugar do mundo que os inspirou a escrever suas obras-primas.

O Distrito dos Lagos fica no noroeste da Inglaterra, a aproximadamente 3 horas de trem, saindo de Manchester, numa região de UK chamada Cumbria. Com uma paisagem natural quase intocada pelo homem, que mescla montanhas (onde fica o pico mais alto da Inglaterra, o Scafell Pike) e vales - resquícios de um passado vulcânico - e uma abundância de lagos, a sutil presença do homem se faz perceber nas dezenas de pequenos vilarejos que se formaram com o tempo; em suas moradas charmosas de pedra ou castelos preservados, em suas fazendas de ovelhas, nos pequenos pubs (Fica em Winderemere o pub "The hole in the Wall", eleito um dos 10 melhores da Inglaterra!!)e restaurantes, nas lojas de chocolate e nas incontáveis guest houses”, que mesmo no inverno e em épocas de crise, parecem prosperar na região.

Mas, apesar do turismo e da fama do Lake District, a impressão que se tem é de que o apelo da natureza ainda sobrepõe à ignorância humana e o tipo de gente que viaja ou reside por lá são apenas andarilhos, esportistas, amantes da vida selvagem ou letrados, pessoas à paisana nessa paisagem tão marcante, todas à mercê e em função de suas belezas naturais. Tudo é impecavelmente limpo e construído para não deixar rastros, preservando o patrimônio ambiental acima de tudo.

As cidadezinhas de Windermere e Bowness têm uma ótima estrutura para comportar milhares de pessoas, mesmo em épocas de festivais ou competições esportivas, e são os principais pontos de partida de cruzeiros e ferrys que conduzem a outros vilarejos às margens dos lagos. Para que se tenha liberdade para transitar por algumas das encantadoras cidades às margens do Lago Windermere (o maior da região) é recomendável comprar o tíquete “Freedom of the Lakes”, que garante por 24 ou 48 horas, passe livre por alguns dos roteiros mais visitados: Ambleside, Bowness, Lakeside e Coniston, onde fica a casa em que morou a mais célebre moradora da região, Beatrix Potter.

Além das atrações naturais do Lake District, como os cruzeiros, passeios de caiaque, trilhas enlameadas para ciclistas e andarilhos, escaladas para os alpinistas, arvorismo, etc; há também inúmeras atividades culturais para a família toda: museus e galerias, aquários e zoológicos, castelos , parques, e a famosa casa de Beatrix Potter, que era tão apaixonada pela região dos lagos que comprou milhares de acres de terras por lá e deixou para o Trust, para que fossem preservados pelo governo.

As montanhas e os vales, o ar puro, os cisnes à beira dos lagos, o sol sob o fog, refletido nas águas geladas, as ilhas, os pastos verdes, as ovelhas brancas e as ovelhas negras à deriva... As construções de pedra, escondendo o aconchego entre quatro paredes, os castelos, os veleiros, os chocolates deliciosos, os andarilhos sorridentes e ensopados... Todas essas imagens puderam nos dar uma idéia do que enfeitiçou tantos ilustres.

E voltamos de lá cheios de boas lembranças, e cheios de lama nos nossos sapatos, deixando pegadas que nem o tempo vai conseguir apagar, porque marcaram não só os passos que demos por lá, mas também vão marcar os caminhos que um dia ainda vamos trilhar...


Um breve cruzeiro pelos Lakes...

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Eco-friendly UK!


Os engajados ingleses contra a insustentável expansão de Heatrow!


Tesco eco-bags!

Uma das coisas que mais chamou minha atenção aqui em Manchester quando cheguei foi a consciência ambiental do britânico. Ruas limpas, campanhas para que a população utilize o transporte público em vez do carro, coleta seletiva do lixo...

Quando saí do Brasil, em maio de 2008, só havia coleta seletiva do lixo em poucas regiões, apenas se houvesse procura dos moradores, ou em pontos como o Pão de Açúcar, que coleta e recicla. Mas, diferentemente do que ocorre por lá, aqui a coleta seletiva é levada muito a sério.

Os sacos plásticos que embalam o lixo são diferentes de acordo com o conteúdo: azul para recicláveis; preto para lixo orgânico; travessas pretas para os vidros e grandes lixeiras verdes para o lixo de jardinagem, como galhos, folhas e flores mortas. Além de a coleta ocorrer semanalmente, quem misturar os lixos corre o risco de ter o saco recusado pelos lixeiros no ato da coleta, ou até mesmo de receber uma multa, caso coloque o lixo para fora no dia errado.

O uso dos saquinhos de supermercado também está sendo gradualmente marginalizado e abolido. Muitas das lojas oferecem descontos para os que carregam suas sacolas retornáveis (eco-friendly, vendidas em todo lugar e super na moda!) ou carrinhos de compras, e algumas delas cobram por volta de 5p (aproximadamente 20 centavos de Real) por cada sacola plástica que o consumidor pedir para embalar suas compras. Vale acessar o blog Deplasticize your life (algo como “desplastifique sua vida”) para saber mais sobre o quão nocivo o plástico é para o meio ambiente!

O tema da sustentabilidade está sempre em pauta nos jornais, no meio acadêmico, no dia a dia do britânico. Nada mais comum do que ver mães e pais andando cedinho, na chuva, na neve, em meio ao fog, com grupos de 7, 10, 12 crianças para levá-los à escola; uma iniciativa que começou com campanhas dos conselhos da cidade para reduzir a emissão de C02 proveniente dos veículos. São ações pequenas ainda, mas que parecem estar começando a provocar uma onda de mudanças eco-friendly, que vieram para ficar!

Não há como comparar as distâncias aqui e as distâncias em SP, bem como o nível de segurança, a qualidade do transporte público, nem o engajamento da população com a causa ambiental, quando tantos outros temas vêm primeiro na lista de prioridades do brasileiro; mas penso se não daria pelo menos, para despertar o interesse e a preocupação com o meio ambiente na educação e do estilo de vida insustentável do brasileiro?

Nem Al Gore, com suas verdades inconvenientes, nem os Katrinas da vida, nem o Greenpeace e todas as ONGs ambientais, com seus apelos, fotos dramáticas de rios secando, animais sendo extintos, florestas sendo desmatadas e outras tragédias reais afins, vão conseguir mudar o mundo se cada um não perceber que é na própria mudança que está a esperança de um futuro sustentável.

Não é preciso ir à lua para dizer: “Um pequeno passo para o homem, mas um grande salto para a humanidade”; basta olhar para os lados! Começando a cuidar do seu próprio lixo, reduzindo o uso do carro (que tal agitar umas caronas, o dia do busão e aproveitar a sexta-feira casual para estrear o tênis numa caminhada até o trabalho?); adotando uma sacola reciclável para fazer as compras... Pequenas coisas que fazem uma grande diferença!

O blog da Veja do Denis Russo,(um amigo de família há anos) fala disso, e o nome com que ele o batizou resume bem como imagino que deva ser a partir de já, o pensamento e prática de todos nos, brasileiros ou britânicos, se quisermos evitar que se realizem as profecias menos amigáveis a respeito do futuro do nosso planeta: Sustentável é pouco!

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

O futebol brasileiro e nós em campo no UK!


A paixão não é só fachada!


Meca do torcedor brasileiro em Manchester!


Pé na bunda do craque!!

Ontem cedo, Mário e eu fomos à estação de trem de Stockport comprar passagens para viajar para Windermere, no Lake District, a terra encantada de Beatrix Potter. O que não imaginávamos é que o atendente que nos vendeu as passagens, além de garantir nossa viagem para o próximo final de semana, também nos daria o passe perfeito para bolar a programação do próprio domingão!

O fato é que o moço era conversador e resolveu falar de futebol... Moral da história, ele nos deu uma aula sobre os jogadores brasileiros que estavam no Manchester City, mostrando que estava bem mais por dentro do que nós no quesito “brazucas em campo”! E para não dar bola fora, resolvemos rumar dali para o Estádio do City, o clube que tem como jogadores Elano, Jô e Robinho.

Dizem que o sonho do sheik Mansour bin Zayed Al Nahyan, o cabeça do clube, é montar um time só de brasileiros. Recentemente, foi notícia no mundo todo a oferta milionária que ele fez para trazer o Kaká, do Milan para cá. Entretanto, parece que nem a campanha do polêmico Robinho, que tirou seu time de campo e desapareceu misteriosamente dos seus treinos em UK e surgiu pedalando no Brasil bem na ocasião da proposta para o amigo (escapada que lhe rendeu uma multa equivalente a quase 1 milhão de Reais pelo clube) adiantou, e Kaká frustrou o sonho do sheik ao preferir continuar brilhando sob o sol do Milan a se encharcar sob as chuvas do Manchester...

Fofocas à parte, descobrimos que o clube fica na Sportcity, uma região toda futurística de Manchester, construída para abrigar os jogos do Commonwhealth Games, em 2002. Composta pelo estádio do Man City, velódromo, quadras de tênis e squash, pista de atletismo e academias, a Sportcity é a maior concentração de espaços dedicados à prática de esportes da Europa.

Quando chegamos lá no entanto, para nossa frustração, o museu e a visitação ao campo do City já tinham sido encerrados, mas a lojinha ainda estava aberta e demos um pulinho lá para captar um pouco do espírito do clube. Pelos vídeos que passam nos telões, a quantidade de camisetas com o nome de brasileiros e a fartura de bandeiras verde e amarelas, deduzimos que o futebol do Brasil é mesmo a paixão do sheik.

E graças ao futebol do Brasil, sentimos que existe certa simpatia do mundo em relação ao brasileiro. Pelé, Sócrates, Felipão, Kaká, Robinho, o "nosso futebol" é o assunto que quase sempre inaugura os bate-papos, quebra o gelo, aproxima as pessoas por aqui. E não dá para deixar para escanteio um esporte que se faz de metonímia, onde seu sucesso é (perigosamente) estendido ao seu povo, e que nos traz um mérito à priori, nos colocando numa condição de pessoas “especiais”, “exóticas”, “interessantes”. Porque é assim que somos vistos aqui, apesar de tendermos a imaginar que nos enxerguem como “cucarachos terceiro mundistas”.

Assim, voltando ao atendente da estação de Stockport, sou grata a ele. Tive que reconhecer que mesmo não gostando de futebol, é preciso “vestir a camisa” verde e amarela aqui em UK, porque muito provavelmente, será à custa dela que você, tupiniquim, vai colorir o sempre cinza céu de UK!

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Beijos proibidos!!!


No more kisses...

Que o inglês é meio travado, todo mundo já sabia; o que não se imaginava é que, dadas suas raízes protestantes, também fossem puritanos!!!

Nada mais de despedidas melosas, beijos sem fim nas plataformas românticas da Terra da Rainha, porque de acordo com auoridades britânicas, os beijos apaixonados são os culpados pelos atrasos nas saídas dos trens! E nada mais insuportável para um inglês do que os atrasos! Eta, povo atrasado...

Até plaquinha de "proibido beijar", eles tiveram a pachorra de fixar na Warrington Bank Quay, logo depois do Valentine's Day! Apenas os apertos de mão e abraços secos serão permitidos, então, o jeito vai ser levar o par junto na viagem, ou deixar para a véspera uma despedida mais molhada!

Prestes a ser rebaixado da categoria de romance para a de ficção, os beijos em UK podem estar fadados ao confinamento da telona, sem licença para uma baldiação nas cenas da vida real. Um jornal inglês acaba de eleger os beijos mais bonitos da história do cinema, num saudosismo talvez, de uma era em que ainda era permitido beijar...

Por enquanto, a marginalização do beijo está restrita somente a uma estação, mas se outras aderirem, a coisa pode virar regra; e aí resta saber se os beijoqueiros vão respeitar a caretice Real e tomar o tal trem sem despedida, ou se vão preferir perder a hora e embarcar num bonde chamado desejo...

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Londres: mesmo quando é ruim, é bom!!


Vista do Tâmisa: não dá vontade de voltar???


Quidam no Albert Hall


Mário e eu no Albert Hall


Quando soube que meu sogro viria passar uma semana aqui em casa, tratei de organizar uma agenda de eventos para garantir que ele aproveitasse o máximo de UK. A primeira de muitas das acrobacias que precisei fazer durante estes dias, foi conseguir ingressos para assistirmos ao Cirque du Soleil, a 22 Libras cada um. Isso porque, a idéia inicial era a de assistirmos ao jogo de futebol Brasil X Itália, mas com ingressos a 70 Libras, tratei de mudar de foco e de palco para entreter o sogrão.

Quidam, o novo show da trupe foi no majestoso Albert Hall, em Londres. Como já tinha assistido ao Saltimbanco e ao Afrika! Afrika! (em Manchester), que segue a linha do Cirque, acabei ficando meio desapontada com o Quidam. Só pelo fato de assistir o espetáculo num teatro e não numa tenda, já é esquisito. Não há um clima inicial, nem tendas com música, bar, restaurante temáticos ou as ornamentações circences dando o clima que antecede a apresentação. O show é menos ousado nas performances dos atletas, ou atores; com exceção das pequenas meninas orientais que dão um baile de coordenação e graça com pequenos jabolôs. Aliás, todo o show parece ser inspirado nas cordas e algumas palhaçadas. Nada de surpreendente, que me fizesse querer sair de lá e ir direto para a academia ou me dependurar em postes e paredes, como aconteceu no Saltimbanco e no Afrika!

Levemente decepcionada com o Quidam, esperei por fortes emoções no Aquário de Londres, a parada do dia seguinte na capital inglesa. Cenário de algumas das cenas do filme Closer, em frente ao Tâmisa e ao elefante de Dalí, o aquário também decepcionou... Pagamos metade do ingresso, porque apenas metade das atrações está aberta ao público em função de uma reforma completa do aquário. Bom, nem é preciso dizer que não teve nem metade da graça que esperávamos. Mesmo assim, valeu como passeio para entreter a "sogritude"...

Saindo do aquário, fomos almoçar num buffet chinês logo na entrada do prédio. Logicamente, que fomos lá por conta do "eat as much as you can", por 5 Libras. Bom, o clichê veio a calhar e o barato saiu caro, porque apesar da boa aparência do buffet, a comida era bem gordurosa e, se por um lado não pesou nada no bolso, por outro, pesou o dia inteiro no estômago!

Ainda pegamos muita chuva, muito vento, muito frio. Fomos à Harrods, lotada e fora do nosso escopo financeiro; fomos à City, monumetal e inacessível; fomos ao Palácio de Buckinham, mas não teve troca da guarda; fomos a um Cirque menor, a um aquário mutilado, a um chinês indigesto... E perdemos um jogão do Brasil (2 a 0 para o Brasil!), porque a partida foi bem no horário do nosso trem de volta para Manchester!

Entretanto, nem todas as programações foram mal sucedidas. Andando sem rumo pela Regents Street, nós nos deparamos com uma mega store da National Geografic!
Pois é, o que conhecemos como uma revista de povos e culturas é uma instituição de expedições e de caráter científico que tem, além de inúmeros projetos pelo mundo, uma loja imensa de departamentos, com produtos que vão desde as tradicionais revistas até roupas e equipamentos especiais para viagens aventura e objetos de decoração.

Dentre algumas das "atrações" da primeira loja da National, que foi inaugurada neste mês, está uma câmara projetada para reproduzir as condições climáticas do ártico, onde pode-se testar as vestimentas térmicas da grife; uma ala com fotografias premiadas e que estão à venda, brinquedoeca, um café gourmet maravilhoso e uma atmosfera mágica, que parece nos transportar para as páginas da revista. Ah, para quem preferir ser atendido em português, procure pela simpatissíssima Gabriela, que trabalha lá! Uma passada na National pode restaurar as energias e dar um pique extra para explorar a capital!

National à parte, pode parecer que esse é um post baixo astral, meio garota-enxaqueca, meio nora em neura; mas não desanime; saiba que apesar de ter sido quase tudo meia-boca, Londres é como chocolate: "mesmo quando é ruim é muito bom! E deixa na boca gosto de quero mais, gosto de felicidade, saudade... Mesmo em crise, mesmo no inverno, mesmo com azar, Londres dá gosto de voltar!

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

O Inverno em UK: que seja eterno enquanto dure, ou...


Foto de Paula Mello Wigan



Quando vim morar na Inglaterra, sabia que encararia um inverno bem diferente do do Brasil, mas não imaginava que fosse assim, tãaaao diferente. Primeiro, porque todos me diziam que era bem raro fazer menos do que zero graus por aqui; e em segundo lugar, porque dadas as previsões das correntes “Al Gorianas”, com o aquecimento global, eu deveria esperar encontrar um clima mais ameno e não mais extremo!

Na verdade, dado o “verão” que passei aqui, deveria imaginar que o inverno fosse quase insuportável, mas custei a acreditar nos fatos e perceber que os termômetros britânicos não passariam além dos 3, 4 graus...

Dezembro foi um dos meses mais frios que a Inglaterra já enfrentou na história; aqui em Manchester; chegou a fazer -9 graus de madrugada!! Tivemos temperaturas semelhantes às da Rússia por aqui, mas sem a infra-estrutura que eles têm para suportar tamanha “friaca”! Isso porque por lá, todos andam com cobertores e produtos anti congelante dentro do carro, dirigem com correntes nos pneus e têm um guarda-roupa menos fashion e mais funcional do que os britânicos.

A primeira neve que vi cair em Manchester foi no dia dois de dezembro, uma nevinha fajuta, mas simpática. Exatamente um mês depois, veio a maior nevasca das últimas duas décadas em UK. E no dia dois de fevereiro, escolas, aeroportos e hospitais não funcionaram; nem os metrôs, nem ônibus, nem os carros circularam e, para piorar, algumas cidades ficaram sem suprimento de gás, deixando milhares de pessoas sem aquecimento em casa. E esse é um fantasma que assombra a vida dos britânicos: a ameaça do corte de gás, que é feito pela Rússia. Recentemente, o governo russo se estranhou com o da Ucrânia e ameaçou cortar o suprimento de gás para a Europa! Imagine o frio na espinha que isso não causou aqui por essas bandas semi-polares!

Gordon Brown tem sido criticado nos jornais por não ter tomado medidas preventivas para lidar com as intempéries climáticas, que se por um lado trouxeram caos a UK, por outro trouxeram a alegria de crianças e turistas, em pleno dia útil, fazendo guerras de neve e construindo gigantescos “snowmen” nas ruas fofas e brancas da ilha real!

Mesmo sentindo muito frio, esquecida de minha forma humana, dada a quantidade patética de roupas que preciso vestir para não petrificar nas ruas; mesmo desbotada e da cor da neve; mesmo desesperada por uma brisa quente à beira-mar, posso dizer que a experiência do inverno em UK é incrível!

Sei que sentirei saudades de ver flocos brancos rodopiando no jardim de um lado para outro numa manhã branca, e de ter a sensação de êxtase ao voltar da rua congelante e entrar em minha calorosa e aconchegante cozinha, e de grudar nos aquecedores da parede para um chá da tarde, e de deitar correndo debaixo de 2 edredons e um protetor de colchão elétrico enquanto aprecio ventos e fog do lado de fora...

Mas sei também que essa nostalgia do inverno europeu, essa saudade que eu já sinto do frio daqui só existe porque sei que não terei mais essas sensações e visões; então que venha com força total, com mais neve, com mais frio, com mais ventos; e “que ele seja eterno enquanto dure”, ou pelo menos enquanto durar o gás que vem da Rússia!

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Cowny e Llandudno, no inimaginável País de Gales!


Speak Welsh?


"Capricórnios" da Snowdonia!


No topo da Snowdonia


Passagem em Conwy


Snowdonia


Castelo de Cowny

Uma das melhores coisas que se consegue ao tirar o visto para vir para o Reino Unido, é o acesso livre a quatro países: a Inglaterra, a Escócia, a Irlanda do Norte e o pequenino País de Gales. E foi para lá que nós fomos neste final de semana!

Apenas a duas horas e meia de trem de Manchester, chega-se a um lugar completamente diferente da Inglaterra; às cidades galesas vizinhas de Llandudno e Conwy. Com nomes difíceis de pronunciar (algo como landnu e comn-uí), assim como todas as outras palavras do idioma oficial do País- o welsh, ou galês - a região tem cenários improváveis, que contestam nosso hábito de compreender por comparação. O conjunto de elementos que Llandudno e Conwy forma, as torna cidades ímpares, incomparáveis, quase incompreensíveis.

Dispostas em meio a um vale, em lados opostos do mar, elas se separam por incríveis montanhas nevadas, a fabulosa região da Snowdonia. Enquanto Llandudno faz a linha balneário de luxo da década de 50, com uma orla majestosa, um píer que se perde em meio ao mar revolto, centenas de gaivotas e uma imensidão de hotéis e restaurantes; Conwy se impõe medieval, emoldurada por muralhas do século XII, ao redor das ruínas de um castelo imponente e de uma marina repleta de barcos de pescadores e de veleiros e iates de todos os tamanhos, que nos fazem relembrar que na verdade, estamos no século XXI.

Para sentir esse contraste, nada melhor do que percorrer a pé todo esse cenário. Partindo de Llandudno, há um caminho que conduz à Conwy costeando uma praia intocada pelo homem. Andando por esse caminho, não há como não iniciar-se em um processo de deslumbramento, que acompanhará o viajante por toda essa viagem a Gales.

Após algo em torno de uma hora e meia dessa caminhada, além de um mar selvagem contido por montanhas nevadas, o Castelo de Conwy também começa a fazer parte dessa paisagem. Na extremidade de uma ponte, num braço de mar, ele se destaca o protagonista dessa cidade tão peculiar. A visita ao castelo custa aproximadamente 5 Libras por pessoa e oferece vistas impagáveis. Saindo do castelo, é imperdível percorrer todo o comprimento da muralha, a fortaleza que um dia escondeu Conwy e que hoje é quem a expõe ao mundo.

A muralha tem 3 saídas, mas a que desemboca na Rosemary Street é a melhor de se tomar. Dalí, é preciso explorar toda a pequena extensão de Conwy, conhecendo suas igrejinhas, casas de chá, lojas de souvenir e as construções tão bem preservadas que dão à cidade uma aura de "encarnações passadas"...

Tendo conhecido as irmãs que nunca se tocaram, Llandudno e Conwy, é preciso conhecer aquela que as separa e assim lhes dá identidade, as montanhas da Snowdonia. A região montanhosa ao noroeste de Wales é desde 1951 um parque nacional, o terceiro mais visitado da Grã Bretanha. E não é por menos, porque diferentemente da maioria das regiões montanhosas com neve, muitas das montanhas da Snowdonia são também acessíveis aos andarilhos menos preparados.

Sem cordas, cajados, cantil, ou maiores cuidados, tomando o atalho pelo Great Orme, um parque ecológico que fica em Llandudno, é possível alcançar o cume de uma dessas montanhas e maravilhar-se com um espetáculo de 360 graus de vista de mares, castelos, povoados longínquos, escavações da Idade do Ferro, os vestígios de um passado druida e um infinito presente de montanhas cobertas por neve, a milhares de quilômetros de distância.

No cume do Great Orme há um parque com certa infra-estrutura, mas só é ativo de março a outubro. Nessa época também é possível chegar ao topo do cume de trem, um passeio que parece ser bem interessante.

No trajeto, se tiver sorte, como nós, o viajante pode se deparar com animais exóticos, que completam a paisagem única da Snowdonia. Não sei o que seriam na verdade, mas gostei de pensar que eram como eu, capricórnios, explorando montanhas, elevando o espírito a altitudes metafísicas, astrológicas, cumprindo seu destino na roda da vida, por searas além da imaginação...

Llandudno

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Best Blogs Brasil: entre os 10 mais votados!!


Um olhar verde e amarelo na Terra da Rainha!

Eis que fuçando na Net acabo por descobrir, sem querer, que o UK pra Brasileiro Ver ficou entre os 10 mais da categoria Turismo do Best Blogs Brasil 2008!! Que surpresa feliz!!!

Mesmo sem divulgação, o blog foi indicado e votado! Obrigada aos que votaram!!!

Para conferir o resultado dos melhores em cada categoria, acesse o site do Best Blogs Brasil 2008!

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Sunday Glory Sunday!


Cosmopolita Manchester

Uma das coisas mais interessantes de Manchester é a sua riqueza cultural. Povos de vários países convivendo e co-habitando o mesmo espaço numa aparente relação de harmonia. Esse domingo nos mostrou bem a dimensão dessa mistura de povos.

No clima de comemoração de 5 anos de casamento, eu e o Mário acordamos decididos a ter um dia bem alegre e dinâmico, e assim foi...

Cedo fomos para o centro, onde comemos pães de queijo no Boteco do Brasil, uma lanchonete com comidinhas brasileiras no shopping Arndale, e de lá fomos para o Opera House Manchester assistir um show chinês de celebração do início do Ano do Bufalo.

Entre danças e cantorias típicas, discursos de políticos e misses orientais, o evento “Made in China” divertiu mais os que entendiam mandarim do que os poucos ocidentais que ali tentavam transcender suas fronteiras. Muitos, inclusive nós, fugiram antes do fim, com um sentimento de “o que diabos estamos fazendo aqui?” Mas mesmo assim, foi válido festejar a chegada do Búfalo em meio aos legítimos chineses.

Saindo do teatro, nós nos deparamos com uma passeata reivindicando a libertação da Palestina. Centenas de pessoas com placas e megafones marcharam escoltadas pela polícia, que assegurava a eles o direito de protestar. A passeata parou o trânsito da cidade, mas ninguém buzinou, ou se manifestou contra a multidão ativista, mostrando se não solidariedade; no mínimo, respeito.

Já famintos, resolvemos dar uma parada no Curry Mile para conhecer o supermercado Meezan (que fica na Winslow Road) e fazer uma compra étnica para um jantar paquistanês. Descobrimos que tudo é muito mais barato lá e que há produtos regionais paquistaneses maravilhosos, por muito pouco! Com 13 libras, compramos muitas frutas (inclusive papaya, que nunca tínhamos achado aqui!), mushroom, pães típicos, sucos, peixes e temperos. Certamente, um lugar para se voltar várias vezes!

Manchester nos deu um domingo glorioso, com gostinho de café brasileiro, ares de um Ano Novo Chinês, gritos civilizados de uma passeata palestina, sabores condimentados de um jantar paquistanês! E assim, terminamos nossa noite: um pouco mais globalizados que quando que começamos; um pouco menos distantes desse mundo que só conhecíamos de ouvir falar...

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Dunham Massey: um dia entre os veados!


"No mens allowed!"


Veadinhos felizes!


Mário no bosque...


Bambi e eu!

Quem já não sonhou em ver ao vivo e a cores o carismático Bambi? Bom, eu sempre sonhei! Tinha dúvidas se os pequenos eram uma mera fantasia de Walt Disney, como os gambás, que parecem tão graciosos nos desenhos, mas na verdade são bem horrorozinhos!! E acabei por descobrir que são realmente lindos!!

Isso porque fui num sábado de sol ao Dunham Massey, um lindo parque, entre Altrinham e Trafford, em Manchester. Chegar lá é um pouco complexo!! É preciso tomar o Stagecoach 370 ou 11 e parar na Altrinham Station; de lá, tomar o 38 da empresa local, que passa a cada 50 minutos e em 11 chega à entrada principal do parque.

O parque é imenso, lindo, plano, perfeito para pequeniques, um cooper, ou um relax em meio a uma natureza quase intocada. Além de uma mansão histórica, o parque possui lagos cheios de patinhos e aves exóticas, bosques cheios de esquilos e matas povoadas dos lindos Deers, ou veados; tudo uma beleza!

Os veadinhos ficam em bandos, saltitando de um lado para outro, quase se medo das pessoas; mas não se pode ultrapassar certos limites e pertubar o santuário destes alegres animais!

Para os que amam a vida selvagem, vale a dica do passeio. Há também um pequeno restaurante, lojinhas, toiletes e estacionamento no local. A entrada é gratuita, mas para visitar a mansão é preciso pagar. Em tempo, a mansão estará fechada até março, mas o lugar é tão lindo, que ficar entre quatro paredes acaba sendo um desperdício de tempo e de dinheiro!