quarta-feira, 30 de julho de 2008

NHS: O SUS de UK, sem susto!


Queen at the Hospital

Uma das maiores preocupações para quem vem para UK é o sistema de saúde. Quase que automaticamente, quem encara uma viagem internacional acaba fazendo o seguro-saúde da ISIS, ou algum semelhante; a idéia é evitar ir à falência caso seja pego por uma emboscada do destino acabe indo parar num hospital. Mas, pelo menos no Reino Unido, graças ao National Health Service – NHS, essa preocupação é infundada!

Acontece que Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte possuem um sistema único de saúde (anos-luz à frente do nosso SUS) que, diferentemente do econômico, com sua esnobe Libra, não discrimina fronteiras. Por isso, saiba que se o porre no pub deixá-lo desidratado, ou se por força do hábito,olhar para o lado errado da rua e acabar atropelado por algum inglês maluco, no solo Real de UK, seja você de onde for, precisando de um médico, o terá: na hora, sem filas ou burocracias e sem desembolsar nenhum tostão! Tudo o que é preciso é comparecer a um centro médico próximo ao local onde reside e se registrar.

A maioria dos tratamentos oferecidos pelo NHS não são automaticamente gratuitos para os estrangeiros. O acesso ao NHS depende da combinação entre um ou mais dos elementos a seguir: situação com relação à imigração; tempo de residência; tipo de tratamento requisitado; e se a necessidade de tratamento surgiu durante o período da visita ao Reino Unido. Além disso, qualquer pessoa que estiver no Reino Unido a trabalho; qualquer pessoa que tiver residência permanente no Reino Unido; qualquer pessoa que tiver residido no Reino Unido por 1 ano; refugiados e pessoas que estiverem pedindo asilo; prisioneiros e imigrantes detidos; estudantes de período integral, também têm ess direito. Há ainda um grupo de pessoas que é isento de pagamento se a necessidade de tratamento tiver surgido durante sua visita. Essa cláusula tem como objetivo impedir que pessoas viajem para o Reino Unido especificamente para tratar um problema já existente com os recursos do NHS.

Assim que cheguei aqui, fui com meu marido, que é ciddão europeu, numa clínica do lado de casa. Nesta clínica, pediram nossos passaportes e o tempo em que ficaríamos em UK; como dissemos que ficaríamos menos de 2 anos, fomos encaminhados ao centro vizinho, que não tem restrições de tempo de permanência. Tudo o que precisamos fazer lá foi preencher uma ficha com endereços e dados básicos de saúde, nem passaporte nos pediram. Uma semana depois, recebemos em casa nossas fichas médicas com o nome do médico que seria responsável por nós.

Hoje, decidi marcar dermatologista para meu marido, mas não sabia qual o procedimento. Acessei o site do NHS e pelo serviço telefônico 24 hs deles, descobri o que fazer. Com o telefone da clínica onde nos cadastramos pude marcar uma consulta para amanhã, com o dermatologista que atende lá. Caso quisesse tirar dúvidas sobre contracepção ou doenças sexualmente transmissíveis, poderia bater um papo com um profissional pelo chat online no site. Tudo muito fácil e eficiente.

O NHS está completando 60 anos e apesar de, a meu ver, ser um serviço incrível, ele tem sido muito criticado pelo povo. Dizem que há uma grande restrição de medicamentos e tratamentos para doentes de várias enfermidades. Uma amiga minha que teve bebê aqui teve suas frustrações... Durante os 9 meses de gestação só fez 2 ultra-sons; enquanto no Brasil, faz-se quase que um por semana. Mesmo dizendo que pagaria para realizar mais exames, ela não conseguiu e teve seu bebê à moda inglesa mesmo: durante o pré-natal teve assistência de uma midwife, que são as parteiras daqui e só na hora do parto foi para o hospital... Para fazer o parto normal, claro, porque cesárea aqui, só se houver riscos para bebê ou mãe. Mesmo com essas diferenças, esse ar meio “socialista” do NHS, continuo fã do sistema!

Antes de chegar me disseram também que eu só teria atendimento pelo NHS após 3 meses e apenas se tivesse visto para mais de 6 meses. Por conta disso, acabei comprando meu seguro-saúde no Brasil. Entretanto, ninguém me perguntou minha data de chegada ou pediu para ver meu visto para permitir ou não que eu me registrasse no NHS. Vamos ver se pedem após a consulta, e depois eu conto se tivemos que pagar ou não...

Mas caso você esteja só de passagem por UK, em Londres há a clínica Chapel Street Medical centre (13, Great Chapel street, W1, tel 020 7437 9360), que atende pessoas que não estão registradas em nenhum posto de saúde. A consulta é grátis e o atendimento de emergência também! Se a espinha do seu Fish and ships deslocar a sua obturação, procure a Guy’s Hospital Dental School, na St Thomas Street, SE1, tel 020 7935 5000. Para ser atendido em português, procure pela Dra. Amália Fahmy (102, Baker Street, W1, que atende pelo tel: 020 7589 6231 (tudo em Londres!).

Talvez, pelo fato de saberem que têm ao seu dispor hospitais tecnologia de ponta, profissionais de primeira e um serviço gratuito sem complicações, os ingleses comam tão mal, estejam tão gordos, tão bêbados e completamente pirados; afinal eles têm o NHS como a luz no fim do túnel. É bom eu não ficar mal acostumada com o NHS por aqui, senão posso acabar levando um belo de um SUSto no Brasil, quando voltar, daqui há alguns meses...

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Manchester, a capital do norte


Prefeitura de Manchester

O texto abaixo foi escrito a quatro mãos. Duas minhas, duas de Daniel Serravalle de Sá, professor de português na Universidade de Manchester, compatriota e colega de orkut. Uma versão editada deste conteúdo deverá ser publicada em breve na revista independente JungleDrums. Assim que isso acontecer, insiro aqui o link para o artigo!

Manchester, a capital do norte

Quando se fala em estudar ou até mesmo em ‘tentar a vida’ na Inglaterra, talvez a primeira cidade que venha à mente das pessoas seja Londres. Nada mais esperado, afinal Londres é a ‘cara internacional’ da Inglaterra, grande centro financeiro e importante pólo cultural, uma das cidades mais modernas e cosmopolitas do mundo, além de ser uma das mais bonitas capitais européias. Esse fascínio que Londres exerce nas pessoas costuma levar as pessoas a desconsiderar outras possíveis opções igualmente interessantes e, de certo, mais baratas para se morar e estudar inglês. Manchester é um bom exemplo disso.

A cidade foi inicialmente um acampamento romano, mas depois ficou famosa pelo seu papel histórico no desenvolvimento da Revolução Industrial. Manchester ainda ostenta inúmeras chaminés e enormes galpões como lembrança desse passado longínquo. Parte do centro da cidade é cortado por uma rede de canais construídos no século XIX e que serviam ao escoamento da produção têxtil para o porto mais próximo, em Liverpool. Em 1996 Manchester sofreu um atentado terrorista que destruiu parte do centro comercial da cidade. A bomba plantada pelo extinto IRA (ou PIRA) causou em um prejuízo de quatrocentos milhões de libras e a reconstrução demorou quatro anos para ser totalmente concluída. Desde então a cidade não parou de se renovar num processo que inclui a construção de prédios modernos e a revitalização de bairros e áreas mais necessitadas. No momento, a cidade está numa lista da Unesco de potenciais candidatas a se tornarem cidades patrimônio mundial.

De acordo o site da North West Brussels Manchester é a terceira cidade inglesa mais visitada por turistas e, devido à sua importância econômica e cultural é considerada a ‘segunda’ cidade na Inglaterra. Atualmente, com uma população metropolitana em torno de quinhentos mil de habitantes (que salta para dois milhões e meio na chamada Grande Manchester - conurbação das cidades de Oldham, Stockport, Manchester, Bolton, Salford e outros distritos), a cidade é apenas a sétima maior cidade inglesa. Manchester também é o berço das primeiras organizações sindicais e muitos direitos trabalhistas atuais tiveram origem nessa época. Engels e Marx observaram as classes proletárias de Manchester para escrever seu tratado socialista, cujas páginas foram redigidas na biblioteca de Manchester. Esse passado de lutas trabalhista é relembrado com orgulho e na entrada do centro de exposições Urbis está escrita uma citação atribuída ao escritor socialista George Orwell. Aparentemente, no livro Road to Wigan Pier, Orwell teria dito que Manchester era “the belly an guts of the nation”, numa tradução livre algo como, “o ventre e a coragem da nação”. Mas apesar do seu passado industrial, a cidade é mais conhecida hoje pelas muitas opções de entretenimento e pela sua fervilhante vida acadêmica. Manchester é um centro de artes, de mídia (a novela Coronation Street se passa e é filmada na cidade), de ensino superior, de comércio e finanças.

Foi mirando no futuro que Manchester se renovou e virou uma cidade jovem e internacional, atraindo gente de todas as partes que vem em busca de ensino de qualidade e oportunidades de emprego. Diferentemente do que ocorre em Londres, entretanto, Manchester ainda não atraiu tantos brasileiros. Mas pense que não escutando português como se escuta por lá, fica mais fácil praticar inglês: são inúmeras as escolas de inglês e centros de ensino de superior espalhados pela cidade. Além da Universidade de Salford, da University of Bolton, da University of Huddersfield, a University of Manchester e a Manchester Metropolitan University recentemente se fundiram para formar uma das maiores universidades inglesas. Dentre muitas das instituições de ensino de excelência que a cidade abriga, a School of Computer Science, ou Escola de Ciências da Computação da Universidade de Manchester é mundialmente conhecida por ser um centro de excelência em tecnologia da informação e o berço de uma das mais importantes inovações da história. Não deixe que os americanos digam que eles inventaram o computador, saiba que ele foi criado nos laboratórios da universidade de Manchester!

A vida cultural é outro ponto forte. Há diversos museus, galerias de arte, bibliotecas, teatros, cinemas e muitos parques onde se montam palcos para realização de festivais e eventos internacionais. No coração da cidade há a famosa e colorida vila gay (Gay Village), onde algumas das melhores baladas da cidade acontecem. Tendo sido um importante centro têxtil no passado, hoje a cidade também é um importante centro de moda, seja em high street fashion ou em moda alternativa, que pode ser encontrada nas pequenas lojas de roupa espalhadas pelo centro.

Em Manchester a música emana por todos os lados, há som ao vivo nas ruas, nos pubs e nas casas de show espalhadas pela cidade. Não é à toa que a cidade nos deu bandas como The Smiths, Joy Division, Happy Mondays e Oasis. Os anos loucos da Haçienda e de Mad-chester (apelido de Manchester) não morreram apenas se transformaram. Por isso, quando estiver na cidade, não deixe de ouvir uma das muitas e desconhecidas bandas locais. Pode ser a sua última chance antes que eles fiquem famosos.

A cidade também é uma referência nos esportes. Em 2002, Manchester sediou o Commonwealth Games e um complexo aquático para a realização do evento foi construído com o que havia de mais moderno em tecnologia desportiva. Atualmente as instalações do Aquatic Centre hoje servem à população e qualquer pessoa pode utilizar as facilidades. Manchester também abriga um dos melhores velódromos do mundo, sede de muitas competições internacionais. E nem falamos ainda dos poderosos times da primeira liga o Manchester City e o Manchester United. Apesar de o segundo ser um dos maiores clubes de futebol da Europa consta que os verdadeiros mancunians (pessoas nascidas em Manchester) preferem o City. Manchester é hoje um reconhecido pólo esportivo. Bom para quem é atleta, bom para quem é fã de esportes!

Mas como nem tudo são flores, uma avaliação da cidade não seria completa sem que se fale dos problemas recentes, como a crescente violência urbana na cidade, principalmente entre jovens. Crimes praticados armas brancas tem aumentado nos últimos anos e a crescente violência urbana rendeu a cidade o apelido de Gun-chester. Em geral esse é um problema localizado que brasileiros de grandes centros urbanos conhecem bem. Os macunians são em geral pessoas muito amigáveis, abertas e bastante preocupadas em ajudar e agradar a todos. Em Manchester ainda é algo extremamente comum você entrar no ônibus e alguém puxar uma conversa.

Manchester é uma cidade compacta por isso os deslocamentos são sempre muito rápidos. O trânsito é fluido e o sistema de transporte da cidade é bem simples de se entender e de utilizar. Em Manchester há ônibus, trens e trams, bondinhos que se assemelham aos metrôs, mas circulam apenas na superfície e por uma área restrita. O sistema mais utilizado é o dos ônibus, com ônibus pontuais e abundantes circulando por toda cidade. Há diversas companhias e todas oferecem passes diários, semanais ou mensais a preços acessíveis.

A cidade também é completamente plana, por isso, é possível andar a pé ou de bicicleta por quase tudo. E andar nesta cidade é um prazer! Edifícios modernos e imponentes dividem espaço com singelos galpões industriais e deslumbrantes monumentos de estilo vitoriano. Há praças e parques espalhados por todos os espaços convidando para um descanso ou uma corrida ao entardecer. Lojas de todos os tipos, shoppings de todos os tamanhos, e restaurantes para todos os bolsos e paladares também são pontos fortes! É por isso que Manchester vem atraindo muita gente de fora, principalmente brasileiros que procuram uma opção para Londres. Aprender inglês, assistir a shows, praticar esportes, conhecer gente, fazer compras; seja qual for o seu desejo, Manchester está preparada para saciá-lo!

Se com todas estas vantagens você ainda não se convenceu que Manchester é uma excelente alternativa para viver e para estudar inglês, saiba que nessa agradável cidade o seu dinheiro pode render o dobro do que em Londres. Alimentação, transporte, cursos de inglês e lazer são igualmente mais baratos em Manchester. Colocando na ponta do lápis, um estudante de Manchester terá sempre uma carteira mais polpuda do que um que optou por ficar em Londres, e na prática, isso significa que sempre terá mais cervejinhas no pub, mais viagens pela Europa, mais shows, mais baladas, mais, mais...

Agora que você já conhece um pouco mais sobre a encantadora Manchester, pode dar-se ao luxo de escolher entre ir para lá, ou residir na tradicional Londres. Mas se o sonho de viver em Londres for mais forte, saiba que há empresas de ônibus que oferecem passagens a partir de uma libra por percurso de Manchester à Londres. Assim, quem sabe, não dá para realizar todos os seus desejos em uma só viagem?

Por Marina Fanti e Daniel Serravalle de Sá.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Estação York: desembarcando no passado...


Jardins magníficos


Lotação nas ruinhas


Nós em frente ao York Minster


Os finais de semana em Manchester são animados, cheios de atividades e cultura para todos os bolsos. Mas por vezes, sentimos necessidade de mergulhar mais fundo em nossa história, e para isso, é preciso tomar um trem e viajar para um passado mais longínquo, mais primitivo, mais arquetípico... Com esse desejo de descobrir nosso elo ancestral com os livros de história geral do primário, rumamos para York!

A pequena cidade de York fica bem no coração da agrícola região de Yorkshire, a 2 horas de Manchester. Ela é a união de 2 cidades em uma só: a cidade medieval e a romana. Suas construções bem preservadas tributam sobre um passado cheio de sangue e de honras. Foi lá onde Costantino, o Grande, foi nomeado imperador em 306 e reorganizou a Grã-Bretanha em 4 províncias. A partir de 867, já após a retirada do exército romano, a cidade foi um centro viking. Hoje, York é a segunda cidade do reino Unido em termos de visitantes, só perde para Londres. Mas o que York tem de tão especial afinal?

York é fofa! Uma cidadezinha compacta, de ruas estreitas de paralelepípedos, cheias de construções históricas, lojas charmosas, casas de chá, chocolates requintados, pubs, praças deslumbrantes, museus, igrejas e a famosa catedral “York Minster”, a maior catedral gótica da Europa do Norte e que abriga o maior acervo de vitrais do mundo. Tudo tem aquela atmosfera mágica que parece evocar mistérios, paixões, batalhas e contos macabros de terror. Todas as noites há tours-fantasma pela cidade, onde turistas são levados aos locais ditos mal-assombrados, tumbas, torres e becos que têm um passado negro. Infelizmente, fui e voltei no mesmo dia, então não tive a chance de ver espíritos carnificeiros na cidade de pedra.

As atrações são inúmeras, mas como tínhamos apenas um dia e poucas libras no bolso, precisamos abreviar as atividades. Então, aqui vão as dicas de um roteiro enxuto, porque na cidade medieval de York é preciso ter bolso de nobre para dar conta dos gastos e tributos. Lá, tudo é pago, bem pago...

Para entrar na catedral, adultos pagam 5,5 libras; uma heresia. Para divertir-se no museu viking Jorvick são mais 8,5.O York Castle Museum,a Clifford’s Tower, os passeios de ferry boat,a famosa Ghost Walk, o city-tour e tudo mais o que se sonhar conhecer, custa sempre no mínimo 3 libras! A dica é então passear pelas lindas ruinhas (a Shambles Street é o máximo!), entrar nas várias igrejinhas com lápides, percorrer a muralha que circunda a cidade, xeretar as casas tortas e baixinhas que contêm informações sobre quem residiu, importância histórica, data de construção, etc. A cidade é um museu ao ar livre.

Para manter a linha viking, em York o comércio também é bárbaro! São inúmeras opções de presentes para levar e comer! Os pratos mais em conta costumam ser os fish and ships, mas se a fome não for grande, peça um prato do menu infantil, porque são fartos e mais bonitinhos!

Mas a maior dica é não deixar de conhecer a cidade. Se estiver em UK, planeje uma visita ao passado e vá para York. Saiba que é preciso de bastante antecedência para reservar um hotel, porque a cidade é muito procurada. Caso prefira fazer um bate e volta, o trem saindo de Manchester Piccadily sai por volta de 20 Libras por pessoa. Até que não é caro se pensar que vai viajar para mais de mil anos atrás...

Para conhecer mais sobre York

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Trabalhar em UK


Décadence avec élégance


Quem chega à Inglaterra disposto a trabalhar tem que estar muito bem informado de como as coisas funcionam por aqui para não se arrepender depois...

Primeiro, o visto de trabalho: ou você tem passaporte europeu e trabalha o quanto quiser; ou você tem um Family Permit (por casamento ou como dependente de um estudante ou membro EEA), ou então, com seu visto de estudante terá o direito de trabalhar até 20 horas semanais. Dificilmente, algum empregador vai contratar quem não estiver com toda documentação certinha em mãos, até porque se forem descobertos pelo governo, pagam uma multa astronômica! Por isso, não vacile. Para saber as novas diretrizes para trabalhar em UK, acesse o site da UK Border Agency.

O que não pode é querer dar um “jeitinho brasileiro” e correr o risco de ser deportado ou preso, certo? Para evitar essa roubada, vale a pena ler os links do British Council!

Uma vez que conseguiu um trabalho, anime-se, no Brasil é mais difícil conseguir um emprego do que aqui. Isso até porque lá, é pouco provável que um estudante graduado queira trabalhar como faxineiro, por exemplo. Já na Inglaterra, a maioria dos brasileiros que vem a estudo acaba arregaçando as mangas para trabalhar pesado por aqui, e com isso, acabam quase sempre em subempregos, trabalhando em tarefas muito “inferiores” às que desempenhavam no Brasil. Nada mais comum do que encontrar compatriotas pós-graduados servindo mesas, arrumando camas em hotéis e na bilheteria de cinemas. Isso, porque para trabalhar na área de formação aqui é preciso ter o diploma reconhecido, o que pode ser um enguiço de se conseguir... Para conhecer os trâmites do processo, acesse o site da Fundaplub.

Aberto a descascar cebolas no porão, ser guardinha-estátua de palácio ou o próximo Primeiro Ministro da Inglaterra, não importa, em posse de seu Work Permit e de muita motivação, vá à caça da sonhada vaga! Murais de escolas, postes na rua, cabines telefônicas, bibliotecas, jornais e websites têm sempre ofertas de empregos! Para quem estiver em Manchester, o excelente site do Job Centre é perfeito!

E pense bem no que vai aprontar aqui na terra da Rainha, porque mesmo tendo um subemprego é preciso ter nobreza e jamais perder a majestade! Como dizem os franceses trrrrré metidos: “Décadence avec élégance”!

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Morar em Manchester: sonho ou pesadelo?


Lugar de sonho

Quando soube que viria morar em Manchester, fiquei um pouco assustada em ter que alugar um flat pela internet. Todo mundo dizia que o Mário deveria ir primeiro , conhecer a região e alugar depois de conhecer o local. Na teoria, acho que é o certo a se fazer, mas na prática, é inviável! Não acho que esta decisão tenha que ser unilateral, acho que tem que ser um acordo. Além disso, não queria ser “poupada” deste estresse inicial e sobrecarregá-lo com mil e uma responsabilidades logo de cara. Ou se está junto, ou é cada um na sua... Optei por ser ativa e resolver tudo junto, em parceria!

Achei muito difícil confiar nos anúncios da internet. Procurei pelos sites da Right Move e da Gumtree que são bem conhecidas. Mas no final, tivemos a sorte de receber uma proposta de locação de uma pessoa da Universidade de Manchester que estava saindo de férias por 1 ano e deixaria o flat montadinho para um casal. Vimos as fotos, nos apaixonamos e viemos confiantes do bom negócio. Deu certo! O flat é em Haton Moor, é um sonho de lugar, fica na cidade de Stockport, colada em Manchester, um lugar infinitamente melhor para se viver!

Detalhe, se você não tiver um fiador e for alugar por uma imobiliária poderá no ato do seu contrato (Tenancy Agreement) ter que desembolsar de 1 a 3 aluguéis antecipados - Pesadelo!!! No meu caso, paguei 1 apenas, ele foi depositado e me será devolvido no momento de minha saída, caso esteja tudo ok com o imóvel!

Por saber o sofrimento que é a transição de um lar no Brasil para um flat em UK e atendendo a pedidos, faço abaixo uma breve descrição dos locais bons e nem tão bons de Manchester para se viver. Mas saiba, isso é um ponto de vista, amparado por opiniões coletadas na comunidade “Brasileiros em Manchester” e, portanto, opiniões subjetivas, apesar de virem de compatriotas! Importante: Manchester é rodeada de pequenas cidades, algumas boas, outras nem tanto. Todas são praticamente coladas, e ficam geralmente de 15 a 30 min de ônibus de distância do centro.

City Centre – área muito cara, tumultuada, pouco arborizada. Há quem prefira morar num quarto ruim no Centro do que num flat fofo, mais afastado. Mesmo gastando mais em condução para chegar ao centro, compensa em minha opinião morar afastado do centro. Devido aos inúmeros pubs, é neles, à noite onde também ocorrem alguns incidentes pela bebedeira do povo.
Didsbury - bairro excelente! Melhor lugar para se viver! Muito residencial, alto nível, arborizado...
Município (Borough) de StockPort – é onde eu moro. Tem áreas ótimas e algumas ruins, mas no geral é boa sim! Eu moro em Heaton Moor, que é super fofa e residencial. Arborizada, cheia de praças, ruas calmas, escolas...
Bolton - cidade vizinha tranqüila.
Bury - cidade vizinha tranqüila e em alguns pontos bem rica!
Wigan - cidade vizinha a Salford. Tem áreas tranquilas e outras críticas (principalmente as próximas à Salford.
Trafford - Razoável... É uma região com vários bairros diferentes entre si.
Tameside – região tranquila com vários bairros bons.
Ashton Under Lyne - um bairro da região de Tameside. Tem partes boas e outras ruins, mas no geral é tranquilo.
Sale - muito bom.
Rochdale – tranquila, mas tem regiões mais críticas próximo a Oldham.
Oldham – tem áreas tranquilas, mas muitas com maioria da população muçulmana (nada contra!), que aqui é tida como uma parcela marginalizada.
Fallowfield - razoável. É próximo à Oxford Road, onde fica a Universidade de Manchester. A avenida principal que desemboca na Oxford é bem movimentada, barulhenta, não é legal, mas as perpendiculares parecem ser boas e cheias de estudantes.
Hulme – não é muito boa, é um lugar um pouco feio.
Rusholme – ruim. É o famoso “Curry Mile”, uma região cheia de restaurantes étnicos, comércio de imigrantes... É o local das minorias (nada contra!!), bem sujo e tumultuado, no geral. Entretanto, há ruinhas que parecem ser legais no entorno, próximas ao Platts Field Park, que é lindo, mas não conheço bem para dar uma opinião.
Salford – Tem uma área bemlegal e moderna,mas temumaárea mais antiga e periférica ruim, famosa pelo alto índice de violência em comparação com outras áreas da cidade.

As regiões que não considerei boas são pontos com índices de violência maiores. Lá moram pessoas do bem, mas há marginais também. Os aluguéis são menores nestas regiões, pois grande parte são as “council homes”, onde residem pessoas com determinados problemas (seja desemprego, pobreza, delinquentes, desocupados, ex-presidiários), é também onde há mais albergues (para onde há ex-presidiários para reintegração social) e casas para recuperação de jovens delinquentes.

Para se ter uma idéia, um aluguel médio para um flat legal fora do centro oscila entre 450 e 600 Pounds. Acrescente a este valor contas de gás, água, luz, Council Tax (que varia de acordo com a região, e se quem reside é estudante, podendo ser de 40 a mais de 140 Pounds por mês), TV License, tel e Internet (há planos, como o da Orange, que incluem tv, internet, tel fixo e cel a partir de 12 pounds mensais!) e terá uma despesa média de 650 a 700 pounds mensais. Para uma casal, somando compras, transportes e lazer, você chegará facilmente aos mil Pounds mensais!

Por isso, prepare suas economias e pense bem o esquema em que vai viver em Manchester, porque essa mudança pode facilmente ser um sonho; mas pode também ser um belo de um pesadelo!

Bons sonhos para você!

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Fins de semana em Manchester


Vista do Lyme


Fonte do Lyme


Lago do Lyme


Palácio do Lyme Park

Quando a verba é curta para viajar nos finais de semana, a saída é aproveitar a folga na cidade mesmo! No Reino Unido, o governo investe muito em cultura, então grande parte dos museus é de visitação gratuita. Em Londres, são praticamente todos, se não me engano, só o Madame Tissaud, museu de cera é que é pago. O governo também patrocina a leitura, por isso, os livros são muito mais baratos do que no Brasil, por exemplo. Em Manchester, vale a pena conhecer a Manchester Art Gallery, O Manchester Museum e a Whitwhorth Gallery, todos lugares sensacionais e gratuitos!

Andar pelas ruas históricas também é uma delícia; igrejas e bibliotecas medievais, praças e parques cinematogáficos, calçadões cheios de gente pra lá e pra cá. De quebra, ainda é bem comum deparar-se com músicos de primeira em estações do metrô e nas sarjetas, tocando de Mozart à Oasis, para o deleite dos que transitam a pé.

Em Manchester, a capital do Rock na Europa, berço de bandas como os Smiths, Oasis, Take That, Joy Division, New Order, entre outras tantas, o que não faltam são shows para assistir durante o final de semana. Para ficar por dentro do que está rolando, uma dica é o site Live Nation, que mostra todos os shows agendados para o ano.

Para quem quiser aproveitar o domingão no parque, sugiro o Lyme Park É uma delícia! Jardins, fontes, lagos, gramadões para piqueniques, música clássica, montanhas com alces (tudo bem, eu não vi nenhum, mas eles juram que eles moram ali), o Palácio Elizabethano onde foi filmado o filme “Orgulho e Preconceito”, além de lojinhas fofas e restaurantes.

Os Macunians, ou os "Manchesterianos", na nossa língua, adoram festivais também! Por isso, todo final de semana do verão (estação do ano em que não neva em UK) há feiras de rua, exposições, bandas em parques, competições esportivas... Para não perder nada, aconselho acessar o site Pride of Manchester, que tem tudo explicadinho!

Mas se mesmo com todas estas programações o clima não te inspirar para ficar na cidade, conte sempre com a baratíssima Megabus e com o site de hospedagens da Booking.com e agilize um fim de semana baratinho nas interessantes redondezas: York , Blackpool - que é praia, e Liverpool, que ficam todas perto de manchester e são fáceis de chegar!

Então, para não fazer programa de ínido na terra da Rainha, saiba que Manchester é por sí só, uma viagem! Para conhecer mais sobre Manchester: Imagens e Viagens.

E boa viagem!

terça-feira, 8 de julho de 2008

Formas de matar as saudades do Brasil!


Samba!


Pau Brasil Restaurante


Corner House Films


Brazilian Wax


Saudade é uma palavra única, sem tradução para outros idiomas. O equivalente Miss é mais racional, "sentir falta" não é o mesmo que o "melancólico sentir saudades"... Será que só o brasileiro sente saudades? O fato é que brasileiro longe de casa sente saudades do Brasil, uma saudade plural, da comida, da casa, do cabelereiro que frequentava, do carro que tinha, dos canais de televisão, dos pets, das pessoas, dos caminhos, do clima, da língua...

Por isso, para tentar matar um pouquinho desta saudade plural, algumas dicas básicas:
Instale o Msn ou Skype no seu computador, mas de preferência ambos, porque a qualidade das conexões pode oscilar e assim você pode conectar-se a um ou a outro. O ideal é ter uma webcam e conversar com as pessoas olhando nos olhos! Com o Skype, você ainda pode fazer ligações para telefones celulares e fixos por uma ninharia!

Ao deparar-se com as típicas axilas européias, você sentirá saudades de sua depiladora de bairro. Por isso, nada de adaptar-se ao costume de cultivar cachos em certas regiões; há salões especializados em Brazilian Waxing, como o da Oxford Road, aqui de Manchester.

A comida é um caso sério... Há reltivamente poucos brasileiros em Manchester, ao contrário do que ocorre em Londres, o que dificulta ainda mais matar saudades do arroz e feijão, guaraná, Nescau, pão de queijo... Mas saiba que sempre que estiver necessitado de alguma destas delícias , a simpática lanchonete "Boteco do Brasil", no Arndale Market, que fica na High Street em Manchester, e o chique e animado restaurante "Pau Brasil", na Lever Street, N 58, Northern Quarter vão acalentar os seus saudosos sentidos.

Eventualmente, caso você seja um pagodeiro, forrozeiro, adorador de axé, MPB, chorinho, bossa nova e sons afins, você poderá se recordar de suas melodias preferidas em casas de shows, porque no rádio mesmo, não toca música brasileira. (Na minha opinião, aqui em Manchester toca coisa bem melhor!!!)

Quanto ao clima, não há nada a fazer senão viajar nos finais de semana para fora do reino Unido. Espanha, Itália e Portugal são destinos mais quentes e acolhedores do que a Inglaterra nesse sentido.

Para os cinéfilos, ou para os que não entendem uma palavra sem legenda, a saída é bater ponto no Corner House, na Oxford Street. Lá só passam filmes alternativos e estrangeiros, inclusive do Brasil, a um custo de 3 a 5,70 Pounds, dependendo do horário.

Você pode contar ainda com a comunidade "Brasileiros em Manchester" do Orkut. Lá rolam mil dicas de baladas, empregos, cursos, moradias e de quebra, você ainda pode fazer novos amigos.

Mesmo sentindo um gostinho de Brasil por aqui, as saudades vão continuar, e mais, saiba que o dia em que você partir de UK, também vai sentir saudades deste lugar...

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Pets no Reino Unido


Razão pela qual ninguém tem cães aqui...

Se você pensava que quando viesse para o Reino Unido poderia trazer seu pet na bagagem, pode deixar seu cachorrinho na chuva, porque a coisa não é bem assim não... Por incrível que pareça, os pets encontram ainda mais dificuldades do que nós para passar pela imigração de UK. Eu mesma, precisei encontrar um lar para os meus dois cães ficarem até o nosso retorno, porque não conseguiria arcar com todos os custos deste processo para trazê-los para cá. Só para se ter uma idéia, para manter 2 labradores em um hotelzinho no Brasil (desses mais simples) por 12 meses, eu precisaria desembolsar entre 800 e 1000 reais mensais; sorte que encontrei uma "Brigitt Bardot" abençoada que aceitou abrigá-los se eu bancasse apenas a ração.
O que ocorre é que pelo fato de a Raiva não ter sido erradicada no Brasil, cães e gatos só são bem-vindos por aqui se seguirem uma via crucis, uma maratona de procedimentos que foi estipulada pelo PETS (Pets Travel Scheme)...

Primeiro, o animal deverá ficar em Quarentena, isolado no Brasil por 90 dias a partir da data de coleta do sangue para o exame de raiva. Depois, deverá ser Microchipado (com identificação dentro do padrão europeu). Na sequência, o dono deverá atualizar a sua carteira de vacinação, cadastrar o seu microchip junto ao órgão internacional, providenciar a titulação de anticorpos contra a raiva, além do atestado do veterinário comprovando que o animal esté em condições de viajar e que foi devidamente tratado contra pulgas e carrapatos.

Após esse prazo inicial, ao entrar no Reino Unido, o pet será submetido a outra Quarentena, agora de 6 meses! O processo é longo e custoso. Pois nesse período todos os custos com o animal, desde a transpostadora, assim como as vacinas e o local que o animal ficará durante as Quarentenas, são por conta do proprietário. Outro item necessário é o Certficado Zoossanitário Internacional (CZI), emitido pelo Ministério da Agricultura Brasileiro.

Quando o animal é proveniente de algum País Europeu é necessário que seja "aprovado" pelos “21 dias de espera”. Tempo necessário para que seja comprovado a aplicação das vacinas e a aprovação do veterinário. Os 21 dias são contados a partir da primeira vacina contra a raiva antes da entrada do animal de estimação em um dos países da Europa.

Existe uma empresa no Brasil, chamada DOC-DOC, especializada em documentação de animais para viagens internacionais. Ou seja, se você já se encontra no Reino Unido e ainda deseja trazer seu animal de estimação, a empresa cuidará de tudo pra você.

Se seu amor pelo pet é tão grande que não dá para passar um tempo longe e você decide arcar com todos estes custos e esperas, saiba que quando chegar na Terra da Rainha ainda vai precisar educá-lo como um legítimo lorde inglês, porque multas para cocô na calçada e passeios em locais não autorizados vão de 50 a estrondosos 1000 pounds!!!Por isso, para desembacar seu melhor amigo no Reino Unido, você tem que ser mesmo apaixonado pelo pet e rico pra cachorro!

sábado, 5 de julho de 2008

Os 7 Passos da Alegria - Links essenciais!



Mário, trilhando os Passos da Alegria

Este texto é enorme, acho que nunca mais vou escrever algo tão grande neste blog. Mas sugiro ler até o final para não perder nenhuma dica preciosa!!!

Em psicologia há um constructo que define 7 fases pelas quais passa uma pessoa que recebe uma notícia muito traumática, como a morte de um ente próximo, ou a notícia de que está com uma doença terminal, por exemplo; são os “7 passos da agonia”: choque, negação, raiva, barganha, depressão, aceitação e esperança.

Primeiro, acontece um estado de paralisia, no qual a pessoa não assimila a notícia de tão dramática que é; no segundo estágio, ela se nega a acreditar, imagina que é alguma piada ou conspiração, mas que tudo voltará ao normal em breve; no terceiro, ela começa a entender e sente muita raiva, culpa, medo, tem ódio de Deus, do mundo, de si mesma; no quarto momento a pessoa tenta “negociar” com o “destino, ou Deus..”, faz juramentos, promessas, tenta barganhar seu presente em troca de um futuro melhor; no quinto estágio vem a depressão, a certeza de que é impotente diante das circunstâncias; no sexto, passa a aceitar a nova condição e no último, eventualmente, passa a ter esperança de um futuro melhor, de que essa condição tão terrível vai acabar, seja com a superação do trauma pelo tempo, ou pela própria morte.

Imagino que para algumas pessoas mais despreparadas, a vivência no exterior possa levá-las a trilhar este caminho pouco animador. A pessoa poderia ter vindo para acompanhar o marido (ou esposa), transferido a trabalho, por exemplo, e não se adaptar de modo nenhum. Para evitar ciladas e arrependimentos futuros com a escolha (ou a necessidade) de morar no Reino Unido, sugiro que o pretenso imigrante estruture bem essa mudança.

A partir da experiência que tive e estou tendo; defini, em oposição aos “7 passos da agonia”, os “7 passos da alegria”: 1)Festa de Despedida I; 2) Preparando a sua Chegada; 3)Festa de Boas-Vindas; 4)Desbravando a vizinhança; 5)Desbravando o Continente; 6)Plenitude e, fechando o ciclo, 7)a Festa de Despedida II.

1) Festa de Despedida I - Para sair do país de residência com tranqüilidade, você deve estar atento às suas contas em bancos – deixe alguém de confiança em porte de procurações que dêem direitos de manipular seus bens e aplicações em caso de necessidade e às e suas pendências financeiras – quite as dívidas ou ponha tudo em débito automático, caso permaneça com contas ativas; compre moeda estrangeira e traga um cartão de crédito internacional, ou de débito! Recomendo fazer o cartão de débito do Banco Rendimento, da empresa Cotação, que tem bandeira visa e é aceito em todo canto... Não tem anuidade e com ele você pode sacar ou pagar contas, pagando apenas 2,5 Euros por saque. É como um cartão recarregável: você deposita um valor em reais, eles convertem para euros (câmbio de mercado) e você usa o cartão com este saldo. Tendo costurado bem sua partida, agite uma, ou várias, festas de despedida e caia de vez no mundo!

2) Preparando a sua Chegada – Um novo mundo te espera, então, para não cair de pára-quedas e não entender o que se passa, tome algumas providências: estude inglês, nem que seja pelo livro Maravilhoso “Inglês para Viagem e Dicionário”, da coletânea da Berlitz! Entre em comunidades de brasileiros do Orkut, como a “Brasileiros em Manchester” , que me ajudou demais! Conheci pessoas muito legais, recebi dicas essenciais e já tenho contatos garantidos! Para encontrar um  imóvel, acesse os links das imobiliárias right move e Gumtree , onde há inúmeros imóveis, com fotos e preços para todos os bolsos! Acesse também o Google Maps e certifique-se de que residirá mesmo próximo de onde quer estar! (Nada de morar muito perto de estações de trem ou metrô, a não ser que goste de acordar a cada 10 minutos com a sensação de um terremoto acontecendo!

3) Festa de Boas-Vindas – Agora que você já chegou com casa para morar, assinou um “Short tenancy agreement”, que nada mais é do que um contrato de locação de curto prazo (melhor assinar de 3 ou 6 meses antes de se arrepender) em que você terá que pagar 1 ou 2 aluguéis a mais na buxa, como um cheque calção, mas que será depositado pelo seu Landlord e será devolvido apenas na sua partida, caso esteja tudo bem com o imóvel; agora que você fez contatos valiosos em comunidades do Orkut, é só festejar a sua chegada! Eu tive a sorte de conhecer uma garota muito legal no Orkut e já cheguei com encontro marcado de boas-vindas!


4) Desbravando a Vizinhança –
Aqui tudo é muito mais fácil do que no Brasil! O transporte é bem estruturado, você chega onde quer, sem traumas. Os pontos de ônibus têm os horários precisos de chegadas e partidas, assim como trens e metrôs. Descubra com seu motorista de ônibus ou por meio do site da GMPTE esquemas de passes semanais, mensais ou diários (return tickets) para economizar e se perca com um mapa em mãos... Nada mais divertido do que encontrar inesperadamente lugares maravilhosos, com uma simples caminhada... Descubra também qual é o centro médico mais próximo da sua casa, leve um comprovante de residência, seu passaporte e se inscreva lá. Em caso de necessidades, você terá atendimento gratuito pelo NHS (Serviço de saúde do Reino Unido). Procure por bibliotecas e se inscreva. É gratuito e são como centros de informação, cheios de brochuras sobre tudo o que é preciso saber. Lá, também se pode utilizar a internet de graça, retirar livros, CDs e DVDs... caso precise abrir conta em algum banco, o NatWest é bem razoável, com uma carta da universidade ou do empregador, contendo o período em que ficará por lá, seu nome, data de nascimento e endereço, somado ao seu passaporte, você abre uma conta sem depósito inicial e sem tarifas. Adquira um celular!! São baratos e cheios de facilidades. Nós compramos na Orange, pagamos 20 pounds por 2 celulares e podemos ligar de casa (onde temos broadband Orange) de graça para eles.  Com estas providências iniciais, você está pronto para desfrutar o melhor da Terra da Rainha!

5) Desbravando o Continente – Uma vez que você já domina a sua região (o que deve levar umas 3 semanas, mais ou menos), comece o seu tour pela Europa! Existem empresas de ônibus, como a National Express e a Megabus , que oferecem tickets a partir de 1 pound. Outro dia, eu e o Mário pagamos 20 pounds para ir e voltar até Londres!

Caso a idéia seja ir mais longe, vale a pena pesquisar nas companhias aérea baratinhas: Just the Flight , ryanair , bmibaby , jet2 , easyjet ou as companhias de trem: Trainline  e de hotéis e albergues travelodge , hotels.co e late rooms

6) Plenitude – A esta altura, você já tem amigos, já conhece tudo na região, já fez um belo tour pela Europa e está fazendo aquele balanço de fim de festa, feliz porque fez tudo o que queria... E começa a pensar, será que devo ir embora, bem agora que peguei as manhas de tudo e estou tão bem adaptado? Por outro lado, você pode pensar que só curtiu tudo com tanta intensidade porque sabia que era só por um certo tempo e que logo iria acabar... Então, trate de fazer aquelas fotos que deixou para a última hora, comprar um monte de lembrancinhas para a família e amigos, fechar sua conta no banco, cancelar seu celular, quitar suas dívidas...

7) A Festa de Despedida II – Tudo foi ótimo, e chegou a hora de dizer adeus aos que vão ficar... Combine despedidas em pubs, regados às tradicionais amargas cervejas e fish and ships e faça as suas malas. Lembre-se: se você ficou mais de 1 ano, tem direito a levar tudo o que comprou, sem pagar impostos!!

Enfim, você vai voltar outro, certamente uma pessoa maior do que a que  saiu com lágrimas nos olhos do aeroporto... Se vai partir de UK com estas mesmas lágrimas que te embaraçaram no país de origem, é porque trilhou os passos certos, os “7 Passos da Alegria!”

É isso, espero que minhas pegadas facilitem o caminho de quem vier depois...

quinta-feira, 3 de julho de 2008

As inevitáveis comparações...


"Praça" na esquina de casa...

O nosso olhar aqui detecta tudo o que se assemelha, sublinha tudo o que contrasta, e se abre (ou se fecha) para tudo de novo que será incorporado ao "antigo" cotidiano, dando luz à uma recém-nascida rotina.

E num piscar de olhos, tudo se transforma... Atravesso a rua olhando para a esquerda, não mais para a direita; saio de casa com um guarda-chuvas, e não óculos escuros... Em minha carteira, moedas estranhas, que valem mais do que pesam; aos meus ouvidos palavras distantes, ausentes dos livros de inglês que tanto estudei.

Ao invés de cães, pássaros; em vez de praças, parques a cada esquina. Nas calçadas, pessoas de todas as faixas etárias: estudantes saídos de Harry Potter; mulheres saídas da maternidade, com 2, 3, 4 bebês em carrinhos múltiplos. Velhinhos em bicicletas, felizes a pedalar, engravatados nos pubs, casais nos pubs, donas-de-casa nos pubs...

Não se ouve buzinas, não se vê motoboys; apenas ônibus de dois andares "congestionando" o trânsito ao som de ipods adolescentes. Entre as pessoas, apertos de mãos, "see you" e "take care"; nada e beijos ou abraços. Entre um dia e outro, luz, das 4 da manhã às 10h40 da noite; para o descanso, o silêncio total ... Descanso é mesmo descanso, o trabalho começa tarde, por volta das 9 e acaba cedo, a partir das 4 e meia. A balada começa cedo, a partir das 5 da tarde para a maioria, e a partir das 10 da manhã para uma parcela mais, mais... menos consciente dos estragos que o alcóol acarreta à saúde.

Nas prateleiras de super-mercados, congelados. Camisinha é difícl de encontrar, o que em parte, explica o baby boom! (o álcool, o excesso de maquiagem das mulheres, os uniformes fetichistas das estudantes e o exemplo do Tony Blair devem explicar a outra parte). Em todo canto, informação: jornais, panfletos, catálogos, internet... Tantos recursos que beiram o desperdício. O lixo, no entanto, é tratado com respeito. Reciclagem é algo levado à sério; há sacos plásticos específicos para descarte de papéis, lixo orgânico, vidros, folhas de árvores e roupas. Se não for empacotado da forma certa, os lixeiros simplesmente não o levam embora. Se por um lado o lixo doméstico é bem tratado, o lixo "transeunte, urbano", aquele que se produz no ir e vir, fora de casa, é despejado no chão da rua mesmo... Latas e copos de cerveja, pacotes de cigarros, elásticos de cabelo, restos de sanduíches, tudo ao relento, e aqui, por incrível que pareça, não há garis.

As diferenças são muitas. Mas nada como o diferente para nos mostrar quem somos de verdade, não é mesmo? E viva a diferença!

terça-feira, 1 de julho de 2008

O Brasil em UK


Homenagem ao Pelé, que inaugurou o Museu do Manchester United!

Quando se viaja para outro país, tudo o que se vê do seu país natal adquire cores especiais... Quando assisto a um dos mil canais da BBC, fico sempre na expectativa de ouvir algo do Brasil; algo sobre o caso Isabella, ou sobre uma CPI qualquer, algo sobre os achados de petróleo da Petrobrás, ou até sobre a morte da Ruth Cardoso, que me parece algo digno de uma cobertura da mídia. O que vejo na verdade, são notícias sobre as eleições no Zimbawe, sobre Wimbledon, sobre o show do Mandella no Hyde Park, em Londres, ou sobre o caso do marido maluco que matou a esposa e a filhinha em Boston, um caso Isabella americano.

Quando dizemos que somos brasileiros, as pessoas ficam chocadas "Really? From Brazil? Did you come all that way long? There are no Brazilians here..." Diferentemente do que acontece em Londres, onde há mais brasileiros do que ingleses, em Manchester não se ouve português, aliás, o pouco que se ouve tem sotaque angolano... Assim, inexpressivos, somos um país fantasma por aqui. Para não dizer que não se ouve nada do Brasil, não há dia em que não tenha uma foto do Ronaldinho Gaúcho nos jornais. Mas é só! Não vejo Gisele Bunchen em outdoors, não leio nada de interessante sobre o Brasil em lugar nenhum.

Nos mercados entretanto, há "Whole Brazilian Nuts" (Castanha do Pará), sucos de laranja e muitos bombons brasileiros. Pelo que vi até agora, não tem nada de "Brasil pra inglês ver", para os ingleses, somos ainda um mercadinho de esquina, fornecedor de "groceries", jogadores de futebol e mão de obra barata. What a shame...