quarta-feira, 30 de julho de 2008

NHS: O SUS de UK, sem susto!


Queen at the Hospital

Uma das maiores preocupações para quem vem para UK é o sistema de saúde. Quase que automaticamente, quem encara uma viagem internacional acaba fazendo o seguro-saúde da ISIS, ou algum semelhante; a idéia é evitar ir à falência caso seja pego por uma emboscada do destino acabe indo parar num hospital. Mas, pelo menos no Reino Unido, graças ao National Health Service – NHS, essa preocupação é infundada!

Acontece que Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte possuem um sistema único de saúde (anos-luz à frente do nosso SUS) que, diferentemente do econômico, com sua esnobe Libra, não discrimina fronteiras. Por isso, saiba que se o porre no pub deixá-lo desidratado, ou se por força do hábito,olhar para o lado errado da rua e acabar atropelado por algum inglês maluco, no solo Real de UK, seja você de onde for, precisando de um médico, o terá: na hora, sem filas ou burocracias e sem desembolsar nenhum tostão! Tudo o que é preciso é comparecer a um centro médico próximo ao local onde reside e se registrar.

A maioria dos tratamentos oferecidos pelo NHS não são automaticamente gratuitos para os estrangeiros. O acesso ao NHS depende da combinação entre um ou mais dos elementos a seguir: situação com relação à imigração; tempo de residência; tipo de tratamento requisitado; e se a necessidade de tratamento surgiu durante o período da visita ao Reino Unido. Além disso, qualquer pessoa que estiver no Reino Unido a trabalho; qualquer pessoa que tiver residência permanente no Reino Unido; qualquer pessoa que tiver residido no Reino Unido por 1 ano; refugiados e pessoas que estiverem pedindo asilo; prisioneiros e imigrantes detidos; estudantes de período integral, também têm ess direito. Há ainda um grupo de pessoas que é isento de pagamento se a necessidade de tratamento tiver surgido durante sua visita. Essa cláusula tem como objetivo impedir que pessoas viajem para o Reino Unido especificamente para tratar um problema já existente com os recursos do NHS.

Assim que cheguei aqui, fui com meu marido, que é ciddão europeu, numa clínica do lado de casa. Nesta clínica, pediram nossos passaportes e o tempo em que ficaríamos em UK; como dissemos que ficaríamos menos de 2 anos, fomos encaminhados ao centro vizinho, que não tem restrições de tempo de permanência. Tudo o que precisamos fazer lá foi preencher uma ficha com endereços e dados básicos de saúde, nem passaporte nos pediram. Uma semana depois, recebemos em casa nossas fichas médicas com o nome do médico que seria responsável por nós.

Hoje, decidi marcar dermatologista para meu marido, mas não sabia qual o procedimento. Acessei o site do NHS e pelo serviço telefônico 24 hs deles, descobri o que fazer. Com o telefone da clínica onde nos cadastramos pude marcar uma consulta para amanhã, com o dermatologista que atende lá. Caso quisesse tirar dúvidas sobre contracepção ou doenças sexualmente transmissíveis, poderia bater um papo com um profissional pelo chat online no site. Tudo muito fácil e eficiente.

O NHS está completando 60 anos e apesar de, a meu ver, ser um serviço incrível, ele tem sido muito criticado pelo povo. Dizem que há uma grande restrição de medicamentos e tratamentos para doentes de várias enfermidades. Uma amiga minha que teve bebê aqui teve suas frustrações... Durante os 9 meses de gestação só fez 2 ultra-sons; enquanto no Brasil, faz-se quase que um por semana. Mesmo dizendo que pagaria para realizar mais exames, ela não conseguiu e teve seu bebê à moda inglesa mesmo: durante o pré-natal teve assistência de uma midwife, que são as parteiras daqui e só na hora do parto foi para o hospital... Para fazer o parto normal, claro, porque cesárea aqui, só se houver riscos para bebê ou mãe. Mesmo com essas diferenças, esse ar meio “socialista” do NHS, continuo fã do sistema!

Antes de chegar me disseram também que eu só teria atendimento pelo NHS após 3 meses e apenas se tivesse visto para mais de 6 meses. Por conta disso, acabei comprando meu seguro-saúde no Brasil. Entretanto, ninguém me perguntou minha data de chegada ou pediu para ver meu visto para permitir ou não que eu me registrasse no NHS. Vamos ver se pedem após a consulta, e depois eu conto se tivemos que pagar ou não...

Mas caso você esteja só de passagem por UK, em Londres há a clínica Chapel Street Medical centre (13, Great Chapel street, W1, tel 020 7437 9360), que atende pessoas que não estão registradas em nenhum posto de saúde. A consulta é grátis e o atendimento de emergência também! Se a espinha do seu Fish and ships deslocar a sua obturação, procure a Guy’s Hospital Dental School, na St Thomas Street, SE1, tel 020 7935 5000. Para ser atendido em português, procure pela Dra. Amália Fahmy (102, Baker Street, W1, que atende pelo tel: 020 7589 6231 (tudo em Londres!).

Talvez, pelo fato de saberem que têm ao seu dispor hospitais tecnologia de ponta, profissionais de primeira e um serviço gratuito sem complicações, os ingleses comam tão mal, estejam tão gordos, tão bêbados e completamente pirados; afinal eles têm o NHS como a luz no fim do túnel. É bom eu não ficar mal acostumada com o NHS por aqui, senão posso acabar levando um belo de um SUSto no Brasil, quando voltar, daqui há alguns meses...

Um comentário:

Paula disse...

Ola Marina. Primeiramente gostaria de parabeniza-la pela iniciativa de promover essa cidade maravilhosa que eh Manchester.
Estav a ler seu ultimo post e apenas gostaria de acrescentar a informacao que vc forneceu, nao eh todo mundo que pode ser atendido gratuitamente pelo NHS. O direito se restringe aos cidadaos britanicos, da CE ou portadores de visto valido. Para turistas de outra nacionalidade o NHS nao eh gratuito, ok? Eles atendem, mas cobram no momento do "all clear" do paciente. E quem do Brasil vier a turismo e nao fizer seguro saude, pode sim ter atendimento mas pode vir a falir na hora do pagamento...hehehe.
Achei importante lhe alertar para nao passar informacao e o povo vir sem seguro e ter dor de cabeca no final. Beijos. Paula