quinta-feira, 19 de março de 2009

As Highlands da Escócia: dose dupla de magia!


Gado das Highlands!


Cachoeira em sítio paleontológico


Cenário de Senhor dos anéis


Vale das Fadas!


Ruínas de castelo em Skye


Montanhas de Glencoe, a caminho de Skye


Urqhuart Castle em Inverness

Você pode até nunca ter ouvido falar das “Terras Altas da Escócia”, mas certamente já viu seus deslumbrantes cenários em alguns dos filmes que a escolheram como personagem. Esse foi o caso de “Coração Valente”, “Highlanders”, “Stardust”, “O Código da Vinci” e “O Senhor dos Anéis”, entre outros. Nenhuma paisagem poderia compor melhor o ambiente de solidão, de magia e de paixão para ambientar sagas que mesclam o real e o imaginário; o maldito e o sagrado; a vida e a morte.

Quem vai para as Highlands, antes de explorar suas montanhas e vales, cachoeiras ou lagos, explora seus próprios desejos e temores; suas angústias e motivações. E num horizonte sem fim, entre o fog, a chuva e seus ventos constantes, conhecerá seus próprios limites.

A viagem interior se inicia já nos primeiros quilômetros de estradas estreitas e íngremes, atrevidamente construídas em meio à natureza hostil do lugar. Numa paisagem onde o que menos faz sentido é a presença humana, arco-íris, ovelhas, o gado peludo típico, corvos e alces se perdem na bruma que encobre o topo de montanhas nevadas, à mercê do clima.

Quase não se vê casas ou paradas pelo caminho; a impressão que se tem é que é um lugar de ninguém, ou daqueles que por alguma razão, preferiram se refugiar da vida. Ruínas de igrejas e de castelos, campos de batalha e monumentos aos heróis escoceses, o Rei Robert The Bruce e o guerreiro William Wallace, resistem ao tempo, (que parece não existir nas Highlands), relembrando a sangrenta história do País. Entretanto, há pequenos vilarejos entre um vale e outro, com as famosas “guest houses” e restaurantes de comidas típicas, que servem o “Black Pudding”, feito de sangue de ovelha e o “Haggis”, feito das vísceras do pobre animal.

Entre os locais mais visitados das terras altas estão Inverness, imortalizada pela lenda de “Nessie”, o monstro pré-histórico que dizem o habitar. Fiz um cruzeiro pelo Lago, mas tudo o que vi foram simpáticos patos nos escoltando pelo percurso. De noite, para incorporar um pouco do “coração valente” do escocês, eu, o Mário e um grupo de turistas “invadimos” o Castelo Urquhart, que fica à beira do Lago Ness, todo iluminado por fora. Bastou pularmos 2 cercas e atravessarmos uma ponte para passear por seu jardim e ruínas, sem desembolsar as 7 Libras que são cobradas de dia para visitá-lo. Fizemos isso em meio à neve e o vento, e tenho que assumir que foi uma das coisas mais divertidas do passeio!

Também a região montanhosa de Glencoe e a Ilha de Skye, por sua autenticidade e vida rústica, animais exóticos e suas paisagens surreais e fantasmagóricas, atraem viajantes de todo mundo. O pequeno vilarejo de Portree, mesmo com poucas lojas, restaurantes (o delicioso Café Arriba é uma ótima opção!) e guest houses, é considerado a "Capital" de Skye. Mas saiba que não há muito que fazer por lá, senão recompor as baterias para enfrentar mais um dia de explorações.

Um lugar absolutamente imperdível por onde passamos foi o “Fairy Valley”, que fica próximo a Portree. É uma região completamente diferente de tudo o que existe, onde pequeninas montanhas de todos os formatos e com uma grama espessa, circundadas por pequenas muralhas e rochas dispersas, lagos e cachoeiras, se escondem em meio a uma bruma densa que camufla ovelhas e pássaros, numa atmosfera própria mesmo de mundo da fantasia. Não à toa, muitas das cenas do filme de feitiçaria “Stardust” foram feitas ali!

Num lugar onde nem as árvores resistem ao clima, os escoceses encontram nos pubs o calor que necessitam para enfrentar as adversidades. O uísque é parte fundamental da cultura do povo e os pubs são o templo em que eles cultuam seus costumes. As gaitas de fole ainda são tocadas por muitos músicos e bandas; os kilts são usados em ocasiões especiais (sem nada por baixo, diz a lenda!); a culinária é baseada na carne de carneiro e muita pimenta... Aliás, haja pimenta e uísque para compensarem o frio (e as pernas de fora) nas Highlands!

O povo escocês é muito místico também. Difícil de acreditar, porque a Escócia é primeiro mundo e teoricamente, onde há informação, não há superstição; mas tendo tido contato com pessoas educadas e bem informadas descobri que acreditam de verdade em bruxas, demônios, fadas e no Monstro do Lago Ness! E o estranho é que, após ter passado pelas Highlands, com suas paisagens surreais e que contestam a lógica, o universo da razão pareceu diminuir um pouco para mim também e posso dizer, mesmo sem ter degustado uma única dose do uísque de suas inúmeras destilarias, que aquela é mesmo uma terra com dose dupla de magia!


Ps: Há diversos roteiros e pontos que valem a pena ser explorados nas Highlands. Nós fizemos o roteiro de 3 dias "Sky Experience", pela Highland Experience, que fica em Edimburgo. A maior vantagem de fazer um tour guiado é a de que é impossível chegar a certos locais sem um carro! Mas seja qual for a escolha de roteiro do viajante, o importante é levar guarda-chuvas, botas e muitos casacos no inverno e repelente no verão!

Fairy Valley!

Um comentário:

Anônimo disse...

Adorei este texto sobre as Highlands! Tenho a impressão que eu teria as mesmas sensações se estivesse por lá! Estranho que a Escócia seja tão pouco conhecida entre nós, porque seu mundo de misterios, magias, guerreiros, etc, traz um universo inteiro a ser explorado pelos mais sensíveis, pelos artistas, poetas, músicos, historiadores. Será que algum professor de história sabe da saga das armas e simbolos da Escócia? Seu roubo, seu esconderijo, a devota proteção que duas mulheres deram a elas até chegarem ao novo rei? Histórias das brumas de U.K... YBM