segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Anjos e demônios no Halloween de Edimburgo!


Passeando pelas colinas paradisíacas de Holyrood Park!


Castle, o anfitrião de Edimburgo!


Entrada do Cemitério Greyfriars


A cidade libertou seus demônios...


Spookie!!


Góticos e afins, dominando Edinburgo


Túmulo do diabólico Mackenzie, eu não entrei!


Para comemorar o Halloween, escolhemos revisitar a cidade conhecida por ser uma das mais mal assombradas do mundo: Edimburgo. O UK, de modo geral, tem múltiplos roteiros para os amantes do “além”, mas Edimburgo é de longe a mais assustadora. Se de dia, tudo o que se vê são lindas paisagens, colinas espetaculares, fachadas estonteantes, o castelo, as inúmeras lojas, os museus e restaurantes; é de noite, que se revelam suas atrações mais bizarras e menos fotogênicas...

Mas antes de nos aventurarmos pelos vieses da história e sair à caça das bruxas, passamos a véspera do Halloween fazendo o tour do bem. A começar, demos uma passada pelo Castelo, que sem dúvida é quem dá alma à cidade. Diz-se que circulam por lá entidades não muito amigas, como o tocador de gaita de fole sem cabeça, entre outras assombrações. Mesmo assim, é impossível pisar no solo Real da cidade e não comparecer ao castelo, isso seria como ir à casa do anfitrião e não cumprimentá-lo. Então demos nosso alô a ele e partimos para uma espécie de museu do planeta, o Dynamic Earth. É uma proposta mais para crianças do que adultos, mas compensa pelo show do planetário, feito com animações incríveis da NASA. E à tarde, fizemos uma escalada paradisíaca pelas colinas do Holyrood Park, para enxergar do alto a beleza sobrenatural da cidade.

Mas à noite, as bruxas já estavam à solta e saímos em busca delas, para entrarmos, literalmente, no espírito de Halloween! Começamos pela região chamada Grassmarket, onde há muitos pubs e restaurantes. O calçadão onde se concentra a balada estava tomado por pessoas fantasiadas de zumbis, múmias, vampiros, demônios, ursos de pelúcia, noivas ensanguentadas, loiras do banheiro, psicopatas e figuras tenebrosas. Hilário e, não posso negar, um pouco assustador também...

Dali, fomos para um pub de outro mundo, em que já tínhamos estado em 2009, o Frankenstein. O lugar é normalmente amedrontador, com gente mórbida e assustadora, numa decoração pra lá de bizarra. Mas o som é ótimo, a balada fica lotada e é divertidíssima! As maiores figuras do Halloween estavam por lá, dando o gostinho do que estava por vir no dia seguinte...E como esperado, o dia 31 de outubro foi mesmo um dia assustador, ou spookie, como se diz por aqui!

Começamos o passeio pelo cemitério Greyfriars, que sepulta almas de centenas de pessoas executadas ou aprisionadas a céu aberto até a morte, no sec XVII, por conta de conflitos religiosos. Os prisioneiros foram torturados a mando do diabólico George Mackenzie, durante o reinado de Charles II. Mackenzie foi sepultado no mesmo cemitério em que suas vítimas anos depois dos massacres e é considerado um dos mais potentes poltergheists do mundo. Isso se deve às centenas de casos de pessoas que visitaram sua tumba e saíram dela cheias de arranhões e hematomas. Há muitos casos de desmaios e algumas mortes também relacionadas às visitas de pessoas ao seu túmulo. As famosas ghost walks que levam ao cemitério avisam de antemão que não se responsabilizam por nenhum incidente que venha a ocorrer com quem se atrever a invadir o território do sanguinário Mackenzie. Eu não tive coragem de chegar muito perto, mas fotografei sua sepultura para tentar ver se ele aparecia na foto pelo menos. Até agora não consegui identificar nada suspeito na imagem...

Mas a fama do cemitério é ainda maior por conta de Bobby, um pequeno terrier que permaneceu por 14 anos ao lado do túmulo onde seu dono foi enterrado, em 1872, depois de morrer de tuberculose. Sua lealdade foi reconhecida e, após sua morte, foi enterrado não longe do seu dono. Hoje, ossinhos e brinquedinhos enfeitam sua sepultura. Dizem que ele e seu dono, entre muitas outras almas penadas, passeiam por ali. Really spookie!

Saindo do cemitério, fomos para o Mary Kings Close, uma das atrações mais apavorantes de Edimburgo! Para quem não sabe, debaixo da cidade existe outra cidade, escondida no subsolo, onde por séculos viveram famílias inteiras em condições degradantes. São inúmeras ruelas estreitas, claustrofóbicas, escuras, empoeiradas e cheias de um passado de sangue, pestes e sofrimento. E esta, talvez, seja a mais famosa atração da cidade que explora o subsolo perdido, além dos vãos subterrâneos (que eu não tive coragem de conhecer). O passeio é um tour escoltado por um guia à caráter, com roupas e maneiras que remontam ao período entre os séculos XVI e XIX, quando a área era habitada. São diversos corredores, com cômodos mínimos, recriando a vida de famílias inteiras que coabitavam a região com animais, sem higiene alguma, assombrados pela peste negra.

A fama é a de que perambulam por lá fantasmas desta época, sendo o mais conhecido, a menina Wee, que foi abandonada pela mãe quando contraiu a peste. Sensitivos dizem que a menina tinha saudade de seu cachorrinho e chorava por ele. Muita gente afirma ter ouvido seus choros e sentir uma presença no cômodo onde ela morreu. A história ficou tão conhecida, que lá existe hoje uma pilha de bichinhos de pelúcia, deixados pelos visitantes do tour. A comoção é tanta com a história da menina, que se criou um fundo de apoio para ajudar na cura de crianças doentes, tratadas no Hospital de Edimburgo, com o dinheiro deixado pelos visitantes no quarto de Wee.

Dando por terminada a programação de Halloween, partimos de Edimburgo para Middlesbrough, de trem. Mas não imaginávamos que seria na baldeação em Darlington, que teríamos a mais assustadora atividade do dia. Assim que desci do trem, ouvi um barulho e gritos, o homem que vinha logo atrás de mim havia acabado de cair no gap, debaixo do trem! Pânico na estação! Imediatamente, ajoelhei no chão e gritei para tentar despertar o homem, que acordou devagar e me estendeu a mão. Com uma força de outro mundo, consegui puxá-lo quase totalmente para fora, enquanto pessoas gritavam para que o trem não se mexesse! O Mário finalizou o resgate e, no fim, o homem foi amparado pelo pessoal da estação para receber atendimento médico. Nem de longe, eu podia imaginar que teria uma noite tão assustadora. As bruxas pareciam mesmo estar à solta, mas no fim, os anjos da guarda também estavam com a corda toda!

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