segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Outono em York!


Little Shambles e seus paralelepípedos mutantes!


York Minster


Uma das lindas praças...


Em casa, no tradicional Grey's Court!


Um tour pela muralha, o melhor city tour!


Pose na muralha!


Um dos pecados que se comete em York!


Memórias de York no inverno!

Neste domingo, fui pela terceira vez à York. A primeira foi no verão de 2008, a segunda no inverno de 2009 e a terceira, no outono de 2010! Em cada uma das estações, uma impressão diferente da cidade; em todas, a mesma vontade de retornar...

Na primeira vez, captei seu charme inegável. Belas fachadas, o paisagismo exuberante, a efervescência cultural. Multidões de pessoas em pubs, comprando lembranças nas lojas pequeninas, fazendo piqueniques nos bancos das praças e parques. Era tanta gente, que não se via o paralelepípedo característico no chão da mais famosa rua da cidade, a Shambles (que no passado era onde ficavam os açougues), conhecida por ser a mais bem preservada rua medieval no mundo. Apreciei por fora o York Minster (cobram-se salgadas 7 libras pela visitação), a maravilhosa catedral da cidade, conheci o museu viking Jorvick, que evoca a herança viking da cidade e, para fechar, almocei em um pub típico, o local que mais do que qualquer museu do UK, cultua e dissemina a herança viking dos ingleses!

Na segunda vez em que estive em York, um cenário completamente diferente. A visita foi marcada pela maior nevasca que já vi. O branco do York Minster parecia ter derretido pelo solo da cidade e encoberto tudo, como um manto sobre o sofá novo, que nos impede de conhecer a sua verdadeira natureza. Os paralelepípedos, o paisagismo imaculado, os telhados tortos de madeira, que datam de mais de mil anos atrás, tudo ficou submerso pela neve. O frio insuportável repeliu as pessoas para dentro de museus, lojas, igrejas e restaurantes, e as ruas antes efervescentes, ficaram vazias, fazendo-me imaginar que toda a ira dos vikings, a gana de lutarem e conquistarem novas terras, eram, no fundo, uma tentativa de se aquecerem, já que em casa não tinham central heating, pantufas, nem polainas à disposição. Meu passeio terminou num bistrô quentinho, muito bem acompanhada pelo maridão e por um prato de sopa.

Meu terceiro passeio em York foi o melhor. Os paralelepípedos não eram mais coloridos, sufocados pelos calçados da multidão que os pisoteavam barbaramente no verão, nem brancos de neve, escondidos pela força do inverno; agora eles são dourados, cobertos por folhas poéticas que despencam ao poucos de árvores centenárias, nos convidando a desfrutar de toda a cidade, in e outdoors. Para celebrar esse convite que a cidade fazia, começamos caminhando pela margem do rio Ouse, onde entre cisnes e patinhos, circulam barcos turísticos e canoístas. Depois, tomamos o caminho da muralha, que mais do que ao passado medieval, conduz ao melhor city tour que se pode fazer em York, acessando por pontos alternativos, os tradicionais ícones da cidade.

A muralha desemboca em algumas saídas e cada uma delas revela um tesouro escondido. Eu e o Mário escolhemos descer pelos fundos da Grays Court, não só pela beleza do lugar, como pela fome que já se manifestava. O lugar é o mais interessante que podíamos encontrar para almoçar, sim, porque além de ser praticamente um museu, é um restaurante inusitado. A casa foi construída pelo primeiro arcebispo normando de York, em 1080 para servir como residência do ministro do Tesouro. No passado da residência, há fatos como ela ter sido ponto de encontro e servido como hospedaria para diversos monarcas, entre os quais James I, Eduardo VI, filho de Henrique VIII e o Duke de York. Duelos fatais e nomeações de cavalheiros aconteceram em seus aposentos e por conta disso, há inúmeras histórias de fantasmas assombrando a propriedade. Hoje, a casa serve pratos deliciosos num ambiente completamente informal. As pessoas se sentam em sofás, ao piano, em frente à lareira, onde quiserem, podem ler as revistas e livros, que estão à disposição, e fazer suas refeições como se estivessem em suas próprias casas. O máximo!

Após o almoço, conhecemos a simpática galeria de arte, que é gratuita e está com uma exibição bem divertida sobre a arte da fantasia, expondo desenhos e pinturas de fadas, duendes e criaturas sobrenaturais. Dali, rumamos para a Shambles street, com suas lojas tentadoras e exploramos todas as ruinhas no entorno. Com o clima agradável, mas frio, não havia tantos turistas como no verão, nem tão poucos como no inverno. Foi possível desbravar quase tudo, assistir a shows de rua, curtir a natureza dos parques, enfim, aproveitar a cidade, sem estresse.

Descobrimos que haveria uma missa com coral à tarde no York Minster, para o qual não é preciso pagar, apenas chegar com antecedência. Foi o que fizemos! Era a oportunidade perfeita para conhecermos, enfim, a catedral e ainda assistir a um coral. E foi lindo... A catedral é deslumbrante, toda feita em mármore, com a maior coleção de vitrais da Europa. Para quem quer fugir do ingresso, vale se informar sobre o horário das missas (que são extremamente íntimas, medievais e participativas!) e comparecer.

Com o espírito purificado dos desejos consumistas e pecados da gula que cometemos na cidade, rumamos para a área do Castle Museu(diferentemente da maioria absoluta dos museus do UK, este cobra entrada) e do castelo, com a fotogênica Clifford’s Tower no topo de uma colina. Ambos estavam fechando, então não pudemos conhecê-los, mas quem conhece diz que são incríveis e que valem uma visita!

Fechamos o passeio no National Rail Museum, que fica atrás da estação ferroviária. O museu aborda a história do sistema ferroviário e expõe muitos vagões dos trens utilizados na malha do UK, inclusive vagões Reais, nos quais viajaram os monarcas no passado. É superinteressante e diferente de todos os museus. Além de ser gratuito, ele fecha só às 18 hs, o que facilita uma visita de última hora...

Mas como nem tudo são flores, faltou tempo para fechar o roteiro, faltou dinheiro para comprar lembrancinhas, faltou ver York desabrochar... Não importa, York é um destino que se renova, convidando o mundo a reconquistá-lo. Resta-me dar tempo ao tempo e aguardar por um convite futuro de seus paralelepípedos, para um passeio florido, na primavera do UK!

2 comentários:

Michel disse...

Muito bom mesmo teu trabalho por aqui! Vou conferir tudo, ainda mais sendo lugares que curto tanto!

Se quiser trocar links é só falar :D

PAZ! Michel
www.rodandopelomundo.com

Anônimo disse...

Sabia que seus textos têm o poder de transportar pessoas? Deslumbrante, Lima!

Beijo!

Sílvia Mari Noritomi