terça-feira, 9 de novembro de 2010

Tynemouth, uma brecha na razão!


Piquenique com contemplação, como de costume...


Nas ruínas do Priory and Castle


Sobre um canhão, que protegeu o forte durante as guerras...


Passeio pelo píer, por nossa conta e risco!


Pôr do sol com dança de gaivotas


Lembrança para alimentar planos de uma nova visita!

Toda vez que entro em um trem no UK tenho a certeza de que ao desembarcar, encontrarei peças de um quebra-cabeça da história, um trecho do passado que se encaixa perfeitamente naquele monte de informações desconexas que precisei decorar para passar no vestibular. Na prática, tudo faz sentido quando se percorre os passos que civilizações, povos e seus líderes deram para marcar seus territórios e deixar seus legados. O legado deles está hoje nas minhas fotos, colando realidades, apesar do tempo que nos separou...

Por isso, quando desembarquei do metrô de Tynemouth, em uma pequena estação a meia hora de Newcastle, no nordeste do mapa do UK, soube que algumas sinapses ocorreriam e insights da história se revelariam novamente. Em síntese, é uma cidade da costa, que mescla praias e montanhas, harmonizando a solidez de um monastério que resiste a dois mil anos com a instabilidade dos desejos do homem e a inconstância do Mar do Norte, sujeito às oscilações das marés. Nessa aparente contradição, Tynemouth desponta como uma brecha da razão, onde coexistem passado, presente e futuro.

Antes de retroceder no tempo, foi preciso acalmarmos o corpo e, como de praxe, fazer uma pausa para um piquenique, envoltos pela beleza do lugar. Satisfeita esta necessidade, rumamos para o Priory and Castle, ou Castelo e Monastério em busca do seu passado.

As edificações datam da Era do Ferro. No século VII, a região foi ocupada pelos Romanos, que construíram o monastério e um forte. Acredita-se que três reis estejam enterrados na área do Castelo e Monastério: Oswin, Rei de Deira (651); Osred II, Rei da Nortumbria (792); e Malcom III, Rei da Escócia (1093). O Castelo era considerado um dos mais fortes do Norte do UK, e foi onde as rainhas, esposas de Edward I e Edward II se hospedaram enquanto seus maridos viajavam pela Escócia. Uma vila se formou no entorno do castelo e por volta de 1325, o monastério construiu um porto para o comércio e a pesca, o que levou à disputa centenária entre Tynemouth e Newcastle pelos direitos de embarcação.

No século XVIII, a região se tornou um balneário de luxo e hoje é sede de campeonatos de surfe. Mas nem só de passado e presente Tynemouth sobrevive. O futuro está em construção nas mentes brilhantes que estudam no tradicional King’s College, onde estudou por exemplo, Ridley Scott, diretor e produtor dos filmes Blade Runner, Robin Hood e Thelma e Louise, entre outros.

Além do visual deslumbrante das ruínas do monastério e castelo no alto da colina, é impressionante a visão que se tem do Mar do Norte em fúria, contestando a invasão do imenso píer, que tenta domesticá-lo desde 1903, permitindo que embarcações naveguem em segurança. Caminhando pelo píer, nos sentimos coniventes com essa invasão e nos expomos aos caprichos do mar, sempre disposto a encharcar os pedestres. Mas cada ameaça do mar se justifica na caminhada, com a chegada ao farol, de onde se pode assistir ao pôr do sol entre as ruínas do castelo, enfeitado pela dança das gaivotas, ao canto dos ventos e ecos do passado.

Para aquecer o corpo judiado pelos respingos do mar e pelo ar gelado do UK, fechamos o passeio da mesma forma que começamos: comendo! Não a céu aberto desta vez, mas no aconchegante Crusoe’s, uma casa de chá-quiosque, nas areias de uma pequena praia de Tynemouth. Não poderíamos ter encerrado de forma melhor o dia do que quentinhos, comendo um gigantesco muffin e vendo de longe, os surfistas se aventurando nas águas geladas, à noite, no Mar do Norte. Uma memória única, que quem sabe um dia, inspire uma nova visita!

O pôr do sol, com a dança das gaivotas...

Um comentário:

Viagem para o Pantanal disse...

Muito bom o blog, e meu sonho é ir para o Reino Unido..haha