quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O Príncipe e a plebéia, um casamento que pode salvar a pátria!


Prince William e Kate Middleton, com o anel de Diana!

Numa época em que só se fala na crise causada pelo credit crunch, com uma overdose diária de notícias sobre inflação, greves, falências, demissões em massa, aumento da criminalidade, depressão e outros fenômenos típicos do terceiro mundo, o UK é pego de surpresa por uma boa notícia: o casamento do Príncipe William com Kate Middleton, uma plebéia.

O casal namora há uma década, mas oficializou o noivado ontem, em rede nacional, numa coletiva, coroada com a imagem do anel de noivado que pertenceu à Princesa Diana, no dedo de Kate, a mais nova queridinha da nação. Soldados que antes falavam sobre quantos colegas haviam perdido no Afeganistão aparecem agora mandando mensagens de felicidades aos noivos; os âncoras dos jornais esbanjam sorrisos; David Cameron, o Primeiro Ministro, fez um discurso sobre a alegria que o casamento está trazendo ao UK, e o povo está tão animado, que parece que vai até participar da festa!

Com o passar dos anos, a Realeza do UK perdeu poder e hoje possui um papel mais simbólico. São como uma herança que os britânicos gostam de esbanjar ao mundo, mas que ao mesmo tempo causa certo incômodo, uma vez que, num português nada nobre, “a Rainha mama nas tetas do Governo”, e consequentemente, do povo. As despesas Reais provêm do bolso do povo e elas não são poucas não. O povo paga pelo Palácio de Buckingham, casas de veraneio, viagens, carros e tudo que se relacionar com a monarquia.

Claro que a família Real tem suas riquezas, herdadas de uma época em que governavam o UK, mas elas não bastam para quitar as contas. Alguns “benefícios” também são exclusivos da Rainha, como ser a única pessoa no UK que tem permissão, por exemplo, para comer cisnes. Apesar disso, de modo geral, o povo não se queixa da Realeza. Numa pesquisa de opinião feita pela BBC, ficou constatado que os britânicos acham que o que pagam para manter a família Real é justificado por todo o lucro que geram com o turismo, ações diplomáticas e caridade. O casamento, certamente, também vai movimentar a economia do UK, gerando empregos, atraindo mais turistas e impulsionando a indústria.

Calcula-se, no entanto, que no casamento do Príncipe William e Kate devam ser gastos algo entre 400 mil e um milhão de Libras e é previsto que os gastos com a segurança da festa sejam repassados à população. Resta saber se quando isso acontecer, o povo ainda vai comemorar tanto a notícia.

No momento, tenho a impressão que todos enxergaram neste casamento, o final feliz para o coitadinho do Príncipe órfão de mãe, aquele que ficou traumatizado também pela repercussão do adultério de Diana e pelas baixarias de seu pai e Camila Parker, explicitadas pelos terríveis tablóides. Parece que todos enxergam neste noivado a redenção do casamento falido do Príncipe Charles, uma nova chance para provar ao mundo que a Realeza tem seus valores e merece respeito. O ex-secretário privado de Diana, Patrick Jephson, desabafou que “esta é a chance do casal de rejuvenescer a Dinastia” e que é “a oportunidade para uma celebração nacional de boas-vindas”. E pelo visto é esse mesmo o sentimento da população...

Só sei que o anúncio do casamento por si só já deu aquele ânimo nos britânicos. Nem a data exata, nem o local da festa foram divulgados ainda, mas é só no casamento em que se fala. Não vejo isso como futilidade, alienação ou válvula de escape; mas sim como um estímulo, um primeiro degrau, um pequeno Prozac ao povo, porque sem essas pequenas felicidades do cotidiano, fica difícil até de almejar conquistas maiores. Espero que os britânicos usem essa alegria como um antídoto à crise, à guerra, ao medo do terrorismo e assim, ajudem a conduzir o UK de volta ao topo, de volta ao trono, que é na verdade, o seu lugar por direito!

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